Projectos

Nome:SENA, Bernardino de
Nascimento e morte:m. Massangano, 19/2/1663
Descrição:Capuchinho da província de Roma, Bernardino foi um dos catorze missionários nomeados pela Congregação de Propaganda Fide para partirem em auxílio da missão do Congo, em 1654. Esta nova leva de capuchinhos ia destinada a entrar no reino de Matamba. O chefe da expedição era António de Gaeta e seguiam também António de Serravezza, Crisóstomo de Génova, João António Cavazzi de Montecúccolo e Inácio de Valsássina. Após se terem reunido em Génova, Bernardino acompanhou António de Gaeta e frei Leonardo Nardo a Madrid, para ali tratarem da passagem para o Congo. Os outros capuchinhos ficaram sob as ordens de Clemente de Maenza à espera da autorização para seguirem para Espanha e dali rumo ao continente africano.
Bernardino de Sena chegou a Luanda a 11 de Novembro de 1654 e, ainda em Dezembro daquele ano, foi enviado a Massangano, na compannhia de António de Serravezza, Bento de Lusignano, Filipe de Sena, João António Cavazzi e Inácio de Valsássina. Depois de 14 dias de viagem, chegaram a Massangano, onde foram acolhidos pelos padres Bernardo de Cutigliano e Junípero de San Severino, residentes na missão. Pouco depois de terem ali celebrado o Natal, regressaram a Luanda, chamados pelo padre Jacinto de Vetralla.
Enquanto esteve em Massangano, Bernardino adoeceu. Demasiado fraco para continuar na missão em África e a necessitar de tratamento, foi escolhido para regressar à Europa. Seguiu para Portugal, destinado a prestar homenagem a D. João IV em nome da missão capuchinha. Em finais de 1655, chegava ao Porto, acompanhado pelo padre Boaventura de Sorrento. Os dois missionários seguiram a pé para Lisboa, onde foram recebidos pelo monarca. Pouco depois, estavam de regresso a Itália.
Em 1660, Bernardino de Sena era nomeado vice-prefeito da quinta expedição de capuchinhos ao Congo. A 11 de Dezembro daquele ano, partia de Roma, acompanhado por mais cinco missionários, rumo a Lisboa, onde negociaria com a coroa portuguesa a passagem para África. Esteve naquela cidade durante seis meses naquela cidade, a preparar os passaportes para os capuchinhos. Tal demora deveu-se à oposição de alguns conselheiros do rei à partida dos missionários.
Conseguida a autorização para passarem ao continente africano, a 16 de Setembro de 1661, os seis capuchinhos embarcavam de Lisboa. Chegaram a Luanda a 30 de Janeiro de 1662. Em Maio daquele ano, Bernardino seguiu para São Salvador. O novo rei, D. António I, desfavorável à carta enviada pelo papa, recusou-se a receber o capuchinho e mandou prendê-lo e expulsá-lo do Congo. Através de uma carta, o chefe congolês tentou-o desacreditar perante o governador de Angola, acusando-o de ser um traidor da coroa portuguesa e partidário da causa espanhola.
Em Junho, Bernardino já se encontrava de regresso a Luanda. Apesar de não ter dado crédito às acusações do soberano do Congo, o governador de Angola tomou algumas cautelas e enviou um oficial destinado a deter o padre em Bamba até novas ordens. Como não chegou a nenhuma conclusão que comprometesse Bernardino, o governador acabou por o acolher em Luanda. Poucos meses depois, seguiu para Quilonga, perto de Cambambe, onde, segundo Cavazzi, Bernardino baptizou “seiscentas almas”. Enfermo, regressou a Massangano, onde viria a falecer.
Bibliografia
Estudos:António de Oliveira de Cadornega, História Geral das Guerras Angolanas. Anotado e corrigido por José Matias Delgado, vol. III, Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1972, pp. 78, 470.
João António Cavazzi de Montecúccolo, Descrição Histórica dos Três Reinos do Congo, Matamba e Angola. Tradução, notas e índice de Graziano Maria de Leguzzano v. II, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1965, pp. 53, 62-64, 183, 260-265, 388.