Projectos
Nome: | GAETA, António de |
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Outros nomes: | ROMANO, António Caetano |
Nascimento e morte: | Gaeta, 1617 – Luanda, 9/7/1662 |
Descrição: | Filho de D. Franciso Laudati, duque de Marzano, e de D. Joana Caraffa, António nasceu numa família aristocrática, tendo recebido o hábito da ordem de Malta ainda antes de ingressar na ordem dos capuchinhos, na província de Nápoles. Ao professar os seus votos, a 9 de Janeiro de 1632, abandonou o nome de baptismo, Emilio Laudati, pelo de António de Gaeta. Chegou mesmo a alterar o nome para António Caetano Romano para ocultar o facto de ser súbdito da coroa espanhola. António estudou nas províncias de Bolonha e na Toscana. Terminados os estudos, regressou a Nápoles, onde foi feito guardião e mestre de noviços. A 15 de Novembro de 1653, era nomeado líder da expedição capuchinha destinada ao Congo. Integravam também esta missão António de Serravezza, Bernardino de Sena, Crisóstomo de Génova, João António Cavazzi, Inácio de Valsássina e Leonardo de Nardó. Após se terem reunido em Génova, António decidiu adiantar-se e seguir para Madrid, acompanhado pelo padre Bernardino de Sena e frei Leonardo de Nardó, deixando os restantes capuchinhos aos cuidados do padre Clemente de Maenza. Em Madrid, António contactou com o núncio apostólico, Monsenhor Francisco Gaetani, para suplicar a sua assistência nesta nova missão capuchinha. Após a audiência com o rei, conseguiu o aval ao embarque dos missionários para o Congo. Porém, teve de enfrentar novas dificuldades no embarque visto que o capitão do navio exigiu-lhes os passaportes para passarem para aquele território, o qual se encontrava sob o domínio português. Em Sevilha, António conseguiu o despacho para poderem embarcar. A 11 de Julho de 1654, zarpavam de Cádis e chegavam a Luanda a 11 de Novembro. Perante esta nova leva de missionários, o padre Serafim de Cortona, prefeito de Matamba, distribui-os pelas várias províncias. A António de Gaeta coube a corte da rainha Jinga, para onde partiu acompanhado pelo próprio prefeito. Após a apreensão de D. Bárbara, irmã de Jinga, em Ambaca, António foi escolhido para tratar da paz com a rainha. Em Agosto de 1656, encontrava-se em Matamba. Em Setembro de 1657, era nomeado prefeito daquela missão. António teria um papel central na conversão da rainha Jinga e na conclusão da paz entre o estado de Matamba e as autoridades portuguesas. Conseguiu mesmo convencer a soberana a tomar medidas para a conversão do seu povo, nomeadamente, a publicar um edicto em que proibia a idolatria. O capuchinho também persuadiu Jinga a se casar, segundo o ritual cristão, com um cortesão, D. Salvador, o qual havia sido instruído na fé católica. Em Junho de 1658, António passou de Matamba para Massangano, onde frequentou as várias províncias daquela jurisdição, entre as quais a de Cafuxi. No final de Maio de 1660, regressou a Matamba, a convite da rainha Jinga, a qual se encontrava a fundar uma nova cidade na margem do rio Uamba. A rainha pediu-lhe conselhos e António desenhou o perímetro da cidade, concedendo o melhor sítio à igreja que seria erigida. Após a ter instruído na doutrina eucarística, o capuchinho anuiu em dar a primeira comunhão à rainha. Uma das provas que levou António a confiar na conversão sincera de Jinga foi o facto desta lhe ter confiado a prata que guardava num cofre junto com os ossos do irmão, o rei Ngola-Mbandi. O capuchinho havia-a acusado de continuar a venerar aquele cofre e que tal era um impedimento para que recebesse a eucaristia. Então, como sinal de arrependimento, a rainha entregou-lhe a prata para a enviar até Luanda e ali a aplicar na elaboração de um lampadário em honra do crucifixo, tal como ele próprio a aconselhara. Junto com António, seguiram também algumas pessoas para contratarem o preço, visto que tal estava vedado ao missionário, segundo as estipulações da ordem. Nos últimos dias de 1611, estava de regresso a Matamba com o lampadário. Em Março de 1662, António de Gaeta era nomeado prefeito das missões do Congo e de Matamba, tendo tomado posse deste cargo em Luanda, a 22 de Maio. Como últimos pedidos antes da sua partida para Luanda, a rainha Jinga suplicou-lhe que deixasse na corte o seu hábito gasto de capuchinho e que benzesse a igreja de Santa Ana, já quase terminada. No seu lugar, ficou o padre João António Cavazzi. Segundo Cavazzi, em seis anos, António fez mais de oito mil baptismos. Sobre a sua missão em Matamba, escreveu uma relação publicada em 1669, em Nápoles, pelo padre Francisco Maria Gioia, intitulada La meravigliosa conversione della Regina Singa. O mesmo Francisco Maria publicaria, nesse ano, uma biografia de António de Gaeta, Vita del Beato Antonio Laudato da Gaeta. A morte do capuchinho foi particularmente sentida pela rainha Jinga que insistiu que se fizessem as exéquias solenes na igreja de Matamba. O seu corpo foi sepultado na igreja de Luanda, ao lado do padre Januário de Nola. Cavazzi exprimiu o sentimento que assolou a missão após a morte de António de Gaeta: “A perda de tal homem afligiu toda a Missão, que com ele perdia um dos mais ferventes missionários de todas aquelas missões, incansável no trabalho, zelosíssimo defensor da Fé, eficaz nas suas pregações, muito afável na conversa, modestíssimo em todas as suas acções”(p. 177). |
Bibliografia | |
Estudos: | António de Oliveira de Cadornega, História Geral das Guerras Angolanas. Anotado e corrigido por José Matias Delgado, vol. III, Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1972, pp. 267-268, 468. João António Cavazzi de Montecúccolo, Descrição Histórica dos Três Reinos do Congo, Matamba e Angola. Tradução, notas e índice de Graziano Maria de Leguzzano v. II, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1965, pp. 53-64, 97-136, 176-177, 381-382, passim. |