Projectos
Nome: | VALSÁSSINA, Inácio de |
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Outros nomes: | VALSASNO, Inácio de |
Nascimento e morte: | m. Milão, 24/1/1675 |
Descrição: | Irmão leigo da província de Milão, Inácio foi escolhido pela Congregação de Propaganda Fide para seguir na missão destinada à Índia Oriental, em 1646. Com a função de enfermeiro da expedição, partiu de Livorno a 21 de Fevereiro, acompanhado por um grupo de mais quatro capuchinhos: os padres Zacarias Finale, da província de Génova; Gregório de Ásti, do Piemonte; e Próspero de Reggio, de Bolonha; e o irmão Frei Francisco de Licodia, da província de Siracusa. Seguia, então, também para Lisboa D. Nicolau Monteiro, prior de Cedofeita e bispo de Portalegre. A 19 de Março, desembarcaram no Algarve e seguiram a pé para Lisboa, onde chegaram no dia 27 daquele mês. O bispo conseguiu que, logo no dia seguinte à sua chegada, os capuchinhos fossem recebidos pelo rei. Embora lhes tenha concedido alojamento, na ermida de Nossa Senhora da Piedade, D. João IV não se mostrou favorável à partida dos missionários. Afinal, a Santa Sé continuava a negar a confirmação dos bispos portugueses e o monarca não estava disposto a fazer nenhuma concessão a Roma enquanto esse assunto não fosse resolvido. Além disso, circulava em Lisboa um rumor de que os capuchinhos que haviam embarcado para o Congo em San Lúcar, no ano anterior, teriam levado consigo dois soldados e um bispo espanhóis disfarçados. As suspeitas de que os missionários capuchinhos eram favoráveis à coroa espanhola tendiam a se avolumar. Finalmente, D. João IV descobriu que o padre Zacarias Finale era súbdito espanhol. Sob esse argumento, o rei deu ordens para os capuchinhos regressarem a Itália. A 8 de Dezembro, já se encontravam em Roma. Em 1653, Inácio foi escolhido para empreender uma nova missão, então ao Congo. Foi acompanhado por mais treze capuchinhos, liderados por António de Gaeta. A 11 de Novembro do ano seguinte, chegavam a Luanda. No início de Dezembro, Inácio seguiu para Massangano, na companhia de António de Serravezza, João António Cavazzi e Bernardino de Sena, os quais haviam chegado a África na mesma missão. Junto com Cavazzi, a 6 de Maio de 1655, Inácio foi para a corte do rei Ngola-a-Ari, no Maupungo. Os dois capuchinhos foram os responsáveis pela fundação daquela missão. Tal não impediu que, em Setembro do ano seguinte, fossem expulsos de Maupungo e obrigados a regressar a Ambaca. A 12 de Outubro de 1656, Inácio chegou a Matamba. Apesar da falta de arquitectos e de mestres-de-obras na região, o capuchinho foi capaz de erigir uma igreja, tendo sido o autor do projecto da igreja e quem dirigiu os trabalhos. Cavazzi considerava notável essa polivalência de Inácio: “Nunca vi homem mais pronto do que ele a encontrar expedientes imprevistos nem mais conhecedor e prático em toda a espécie de trabalho”. Tal atraiu o interesse e a confiança da rainha Jinga, a qual conseguiu que a sua permanência em Matamba se alargasse por quatro anos. Durante este período, o capuchinho trabalhou na construção de outras pequenas capelas, de quatro cemitérios e de mais quatro igrejas. Em Maio de 1660, iniciou a construção da igreja maior de Santa Maria de Matamba. Muito versátil nas suas ocupações, Inácio também se dedicava à agricultura e a outras actividades laicas, as quais conciliava com o ensino do catecismo aos soldados e o combate aos feiticeiros locais. Em 1660, partiu para Massangano. Nos anos seguintes, esteve em Luanda, Sundi e S. Salvador. Em meados de Setembro de 1667, Inácio embarcava para a Europa na nau S. Pedro de Alcântara, na companhia do padre João António Cavazzi e do vice-rei da Índia, D. António de Melo. Chegou à Bahia em meados de Outubro e a Pernambuco no final desse ano. Depois de ter sofrido de uma enfermidade que lhe paralisou parte do rosto, em Outubro de 1668, embarcava para Lisboa e dali para Génova, Livorno e Roma. Nos últimos anos da sua vida, Inácio regressou à sua província de Milão. |
Bibliografia | |
Estudos: | Fidelis M. de Primerio, Capuchinhos em Terras de Santa Cruz nos séculos XVII, XVIII e XIX, S. Paulo, Livraria Martins, 1940, p. 116. Francisco Leite de Faria, Tentativas frustradas para uma casa de capuchinhos italianos em Lisboa. Separata de Miscellanea Melchor de Pobladura, Roma, 1964, pp. 265-271. João António Cavazzi de Montecúccolo, Descrição Histórica dos Três Reinos do Congo, Matamba e Angola. Tradução, notas e índices de Graziano Maria de Leguzzano, v. II, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1965, pp. 53-64, 184-188, 419, passim. |