Projectos
Nome: | BERARDI, Juanoto |
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Outros nomes: | BERARDI, Giannotto di Lorenzo di Berardo |
Nascimento e morte: | Florença, 1457 – Sevilha, Dezembro 1495 |
Descrição: | Filho de Lourenço Berardi e irmão de Gianetto Berardi, Juanoto pertencia a uma família de tecedores de sedas da aldeia de San Pancracio que, desde 1492, se estabeleceu em Florença. Ainda muito jovem, Juanoto emigrou para a Península Ibérica, possivelmente chamado pelo pai que já se encontrava em Lisboa desde meados do século XV. Foi nesta cidade que se iniciou na prática mercantil, auxiliando Lourenço Berardi nos negócios. Ao lado de mercador Bartolomeu Marchionni e do irmão Gianetto, Juanoto passou a se dedicar ao comércio negreiro. Três documentos do Conselho Real de Espanha, referentes aos dias 15 a 17 de Setembro de 1485, referiam o embargo de escravos à companhia dos Berardi e de Marchionni, acusados de contrabando. Estes haviam passado os escravos a um barco castelhano sem terem pago o quinto do mar. Porém, a coroa acabou por ilibar os dois mercadores e por decretar a restituição dos escravos tomados. Juanoto começava a se aproximar crescentemente da coroa espanhola. A 16 de Junho de 1486, os reis católicos passavam um salvo-conduto à sua companhia comercial para poder comerciar livremente nos reinos de Castela e Aragão. Acabou por se transferir para Sevilha como representante da companhia Berardi naquela cidade. D’Arienzo refere que Juanoto estava presente naquela cidade já em 1484, visto que, em 1494, uma carta de naturalização mencionava que havia dez anos ou mais que este se encontrava em Espanha. Em Sevilha, Berardi tornou-se num importante homem de negócios e ampliou a sua actividade para lá do tráfico negreiro. Através da venda de orchilla, ao lado de Lorenzo de Rabata e John Day, Juanoto expandiu os seus negócios às Canárias. Aliás, em 1492, em conjunto com o genovês Francisco di Rivarolo, foi quem financiou a conquista de La Palma. Foi também na cidade andaluz que Juanoto se casou com Elvira Ramíres, de quem teve, pelo menos, dois filhos, Lorenzo e Maria. Residia e sediava os seus negócios na calle Francos, onde também se encontravam estabelecidos outros grandes mercadores de Sevilha. Durante a década de 90, Berardi tornou-se num dos mais afortunados mercadores de Sevilha. A sua fama chegou até Florença e atraiu o interesse de Lorenzo de Pier Francesco de Médicis, primo do grão-duque. Quando Tommaso Capponi foi afastado da representação dos negócios de Médicis em Sevilha, Berardi foi proposto para o seu lugar. Então, ao lado de Donato Nicolini e de Américo Vespúcio, ficou a gerir os negócios de Lorenzo naquela cidade. Em 1492, Juanoto teria sido um dos financiadores da viagem de Cristóvão Colombo. Afinal, nas suas disposições testamentárias, Berardi referia que Colombo devia-lhe 180 mil maravedis, montante que alguns historiadores têm vindo a interpretar como respeitante a um empréstimo para essa viagem. O contacto entre os dois remontava já ao tempo em que eles se encontravam em Portugal e manteve-se depois em Sevilha. Aliás, teria sido Berardi quem colocara Colombo em contacto com o duque de Medina Sidonia, apoiando o genovês na sua tentativa de obter a nobilitação. Consuelo Varela pondera mesmo a hipótese de ter existido uma sociedade comercial entre Berardi e Colombo. Afinal, quando regressou da sua primeira viagem, foi na casa do florentino que Cristóvão deixou alguns dos índios que trouxera. Em 1493, Berardi dissolveu a sua sociedade com Donato Nicolini e passou a operar apenas ao lado de Vespúcio e de um outro florentino, Jerónimo Ruffaldi. Durante esses últimos anos da sua vida, esteve particularmente activo na armação e provisão das frotas enviadas às novas terras descobertas por Colombo. Por sugestão do navegante genovês, os Reis Católicos confiaram-lhe a armação da segunda frota enviada às Índias Ocidentais. A 23 de Maio de 1493, era encarregue pela coroa da compra de um navio de 150 a 200 toneladas. Alguns dias depois, ficava responsável pela provisão do biscoito às frotas. A 9 de Abril de 1495, Juanoto contratou com a coroa o envio de doze naus à Hispaniola, quatro por semestre, cada uma com um porte de 900 toneladas, ao preço de 2 000 maravedis a tonelada. Porém, Berardi acabaria por morrer antes de desfrutar dos resultados desse investimento. O contrato manteve-se, então assumido pelo seu feitor, Américo Vespúcio, o qual foi também o seu executor testamentário. Juanoto deixou como herdeira universal Maria Berardi. Afinal, o seu filho Lorenzo havia falecido ainda em 1494, em Florença. Os seus restos mortais foram enterrados, possivelmente, na igreja de San Román. |
Bibliografia | |
Estudos: | Consuelo Varela, “Juanoto Berardi”, Colon y los Florentinos, Madrid, Alianza Editorial, 1988, pp. 34-57. Illaria Luzzana Caraci, “Américo Vespucio: Un nombre para el Nuevo Mundo” Navegantes Italianos, Madrid, MAPFRE, 1992, pp. 192-195. Idem, “Amerigo Vespucci, i mercanti italiani in Portogallo e la nascita del Mundus Novus”, Convegno “Case Commerciali Banchieri e Mercanti Italiani in Portogallo”. Lisbona, 3-4-5 settembre 1998, Lisboa, Istituto Italiano di Cultura in Portogallo, 1999, pp. 30-31. José Luis Comellas, Sevilla, Cádiz y América, Madrid, MAPFRE, 1992, pp. 36, 42. Juan Gil, Mytos y utopias del descubrimiento, vol. I – Colón y su tiempo, Madrid, Alianza Editorial, 1992, pp. 99-100, passim. Luisa D’Arienzo, “La lettera Toscanelli-Martins e i mercanti fiorentini: la cultura toscana nel Portogallo delle scoperte”, Toscana e Portogallo – Miscellanea storica nel 650º anniversario dello Studio Generale di Pisa, Pisa, ETS, 1994, pp. 42-47. Idem, La presenza degli italiani in Portogallo al tempo di Colombo, Roma, Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato / Libreria dello Stato, 2003, pp. 411-416. |