Projectos

Nome:BERARDI, Lourenço
Outros nomes:BERARDI, Lorenzo / BERARDE, Lourenço
Nascimento e morte:n. San Pancracio?, séc. XV
Descrição:Oriundo de uma família de tecedores de seda da aldeia toscana de San Pancracio, Lourenço era pai dos mercadores Gianeto e Juanoto Berardi. Segundo Luisa D’Arienzo, a ligação dos Berardi à Península Ibérica remonta a 1429, quando Domenico Berardi foi escolhido por Matteo Berardi para ser o seu procurador em Valença.
Lourenço ter-se-ia estabelecido em Lisboa ainda no decorrer da primeira metade do século XV, visto que, a 18 de Agosto de 1450, D. Afonso V concedia-lhe um seguro para poder comerciar livremente em Portugal e tornava-o “estante” em Lisboa. Assim, ele poderia sair do reino com as suas mercadorias quando o desejasse sem que estas pudessem vir a ser penhoradas.
Segundo Consuelo Varela, Lourenço alternaria o tempo que passava em Portugal com estadias em Florença. Teria sido ele próprio a chamar o filho Juanoto para o reino português, de modo a aprender, junto de si, o ofício de mercador.
Em 1460, junto com João Guidetti e João Morosini, Lourenço participava de uma sociedade para a pesca de mugem em águas portuguesas, pela qual pagaram 7 030 réis.
Virgínia Rau coloca a hipótese de Berardi ser o “Lorenzo Florentim” que, em sociedade com Lopo de Almeida, vedor da fazenda, recebia, a 6 de Novembro de 1469, o privilégio de gozar de todos os proventos da extracção das minas de Adiça. Este era um monopólio de dois anos que previa a possibilidade de construção de casas e o acesso aos recursos necessários àquele trabalho, além da autorização para usar da madeira dos pinhais reais. Porém, esta sociedade acabaria por não durar muito e, em 1470, Lourenço assumia sozinho o contrato de Adiça, tal como revela uma carta de quitação de 10 de Agosto de 1473, em que D. Afonso V reconhecia ter recebido dele 125 mil reais desse mesmo contrato.
Por sua vez, Luisa D’Arienzo identifica Lourenço Berardi com o “Lorenzo Birardo” mencionado por Bartolomeu de las Casas como o intermediário a quem Cristóvão Colombo entregou uma carta e um planisfério destinados a Paolo dal Pozzo Toscanelli. Esta figura é igualmente referida no relato do filho do navegador, Fernando Colombo, embora com outro nome, “Lourenço Giraldi”. Tal identificação é justificada pela autora com as estreitas relações mantidas entre os Berardi e Colombo.
Bibliografia
Estudos:Consuelo Varela, Colon y los Florentinos, Madrid, Alianza Editorial, 1988, pp. 35, 47.
Judite Maria Calado Damas, Italianos em Portugal nos séculos XIII a XV (1278-1460). Elementos para o seu estudo. Dissertação para Licenciatura em História apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, Lisboa, 1971, pp. 70-71.
Luisa D’Arienzo, “La lettera Toscanelli-Martins e i mercanti fiorentini: la cultura toscana nel Portogallo delle scoperte”, Toscana e Portogallo – Miscellanea storica nel 650º anniversario dello Studio Generale di Pisa, Pisa, ETS, 1994, pp. 41-42.
Idem, La presenza degli italiani in Portogallo al tempo di Colombo, Roma, Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato / Libreria dello Stato, 2003, pp. 366, 409-416, 792.
Nunziatella Alessandrini, “A comunidade florentina em Lisboa (1481-1557), Clio, nova série – 9, segundo semestre de 2003, p. 69.
Virginia Rau, “Aspectos do «trato» da «adiça» e da «pescaria» do «coral» nos finais do século XV”, Estudos de História Medieval, Lisboa, Editorial Presença, 1986, pp. 142-154.
Fontes:ANTT, Chancelaria de D. Afonso V, liv. 15, fl. 90v; liv. 31, fl. 37v; liv. 33, fl. 154.