Projectos

Nome:GÉNOVA, Crisóstomo de
Outros nomes:DIANO, Crisóstomo de
Nascimento e morte:Diano, 1610 – Génova, 7/1/1691
Descrição:Capuchinho da província de Génova, Crisóstomo entrou para a ordem a 8 de Setembro de 1626.
Foi um dos 14 capuchinhos nomeados pela Congregação de Propaganda Fide para a missão em África em 1653, destinada a ir em auxílio dos missionários que se encontravam no Congo e a entrar no reino de Matamba. O chefe da expedição era António de Gaeta. Seguiam outros missionários, entre os quais António de Serravezza, Bernardino de Sena, João António Cavazzi de Montecúccolo e Inácio de Valsássina. Os missionários juntaram-se em Génova. António de Gaeta resolveu adiantar-se para tratar em Madrid da passagem para o Congo, fazendo-se acompanhar por Bernardino e Leonardo Nardó. Crisóstomo e os outros ficaram sob ordens de Clemente de Maenza, à espera da oportunidade de passarem para Espanha. No ano seguinte, estes seguiram para Espanha. Crisóstomo foi por terra. Em Julho de 1654, chegava a Cádis, de onde embarcou para África. A 11 de Novembro de 1654, aportavam em Luanda.
Crisóstomo partiu logo para o Sonho. Porém, em Abril de 1657, estava de regresso a Luanda, destinado a suceder a Jacinto de Vetralla no cargo de vice-prefeito da missão. Ficou a residir em Luanda e, durante cinco anos, missionou nas regiões dos rios Cuanza, Bengo e Dande.
Cavazzi refere que Crisóstomo “era muito profundo nas ciências eclesiásticas, escriturais e na polémica, de maneira que sem dificuldades pregava três ou quatro vezes por dia sobre assuntos diferentes, e sabia muito bem acomodar-se à capacidade dos doutos e dos ignorantes.” (p. 188).
A 22 de Maio de 1662, o capuchinho renunciava ao cargo de vice-prefeito em favor do padre António de Gaeta e partia para Massangano. A 4 de Julho de 1663, estava de regresso à Europa, na companhia de Frei João de Piperno. Fora enviado pelo sucessor de Gaeta, o padre João Maria de Pavia, a Lisboa e Roma. Depois de uma viagem atribulada, chegou a Portugal a 24 de Novembro. Crisóstomo escreveu a Pavia, em carta, uma pequena relação sobre essa viagem, a qual Cavazzi transcreve na obra mencionada (pp. 189-191).
Crisóstomo encontrava-se em Lisboa quando foi nomeado, pela Congregação de Propaganda Fide, prefeito de Matamba. Tratou da passagem para o Congo de seis missionários italianos e de outros seis franceses. Para isso, deslocou-se até Roma, onde se apresentou perante o cardeal Orsini, encarregado dos interesses de Portugal, e perante a Congregação. Estes não deram o seu apoio, por não terem recebido da coroa portuguesa o consentimento para a partida dos missionários e aconselharam Crisóstomo a regressar a Portugal para tentar consegui-lo. Assim, a 16 de Outubro de 1665, Crisóstomo partia de Génova num navio inglês, acompanhado pelo padre Crisóstomo de Châlons e pelo irmão Félix de Génova. Após uma viagem atribulada, aportaram em Vila Nova de Portimão, sendo acolhidos pelos frades menores observantes do lugar. Crisóstomo, enfermo, ainda ficou durante alguns dias na vila, ao fim dos quais encaminhou-se para Lisboa, onde chegou no final de Janeiro de 1666.
Em Portugal, após negociações, conseguiu junto da coroa o que desejava. Fazendo questão em levar pessoalmente as missivas a Roma, o capuchinho enviou o padre Crisóstomo de Châlons na armada de Tristão da Cunha, com as cartas destinadas à Câmara de Luanda e aos missionários na região. Chegado a Génova, Crisóstomo foi impedido de ir a Roma por uma ordem da Propaganda Fide: deveria aguardar um grupo de novos missionários. Crisóstomo esteve naquela cidade durante quase um ano, ao fim do qual partiu novamente para Lisboa, onde chegou a 21 de Abril de 1667. Devido às enfermidades que assolaram os missionários que o acompanhavam, o capuchinho permaneceu ali até Março do ano seguinte.
A 10 de Agosto de 1668, Crisóstomo de Génova chegava a Luanda, acompanhado pelos padres Boaventura de Salto e José Maria de Busseto e pelo irmão Frei Ludovico de Génova. Tomou, então, a posse da prefeitura de Matamba e, dois anos depois, a 17 de Junho de 1670, era nomeado prefeito único do Congo e de Matamba, cargo que acabaria por ceder a João António Cavazzi três anos depois. Em 1674, estava de regresso a Génova.
Bibliografia
Estudos:António de Oliveira de Cadornega, História Geral das Guerras Angolanas. Anotado e corrigido por José Matias Delgado, vol. III, Lisboa, Agência Geral do Ultramar, 1972, pp. 78, 347 e 450.
João António Cavazzi de Montecúccolo, Descrição Histórica dos Três Reinos do Congo, Matamba e Angola. Tradução, notas e índices de Graziano Maria de Leguzzano, v. II, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1965, pp. 53-58, 188-195, 280-282, 397-398.