Projectos

Nome:VETRALLA, Jacinto de
Outros nomes:VETRALLA, Giacinto Brugiotti da
Nascimento e morte:Vetralla, 23/1/1601 – Roma, 24 ou 26/8/1659
Descrição:Membro de uma família aristocrática, Jacinto era filho de Pietro Brugiotti. Em 1625, entrou para a ordem dos Capuchinhos, na província de Roma. Terminou os seus estudos em 1637 e, três anos depois, era eleito guardião do convento de Vetralla. A 6 de Maio de 1641, foi escolhido para exercer esse mesmo cargo no convento da Conceição de Roma.
Antes de ingressar nas missões africanas, Jacinto ainda desempenhou funções como definidor da província romana. A 8 de Junho de 1648, era nomeado para a terceira missão capuchinha no Congo, junto com mais 31 religiosos. Contudo, nunca chegou a embarcar para África e, em 1649, estava de regresso a Itália, na companhia do padre Francisco de Pamplona.
Em Roma, Jacinto foi eleito definidor provincial e, a 17 de Setembro de 1650, a Congregação de Propaganda Fide nomeou-o prefeito da missão do Congo. Para essa nomeação contribuiu a sua obra Doctrina Chritiana ad profectum Missionis totius Regni Congi, publicada em Roma, em 1650. Esta era uma edição de um catecismo para crianças escrito por dois jesuítas portugueses que, em 1624, já havia sido traduzido para congolês. Jacinto traduziu-o também para italiano e latim e, desta forma, a edição de 1650 surge em quatro línguas. No prefácio, o capuchinho justifica a razão dessa nova edição com a necessidade dos missionários não portugueses também se prepararem na língua congolesa.
A 20 de Junho de 1651, Jacinto Brugiotti chegava a Lisboa. Durante a viagem para Portugal, a embarcação em que seguia foi atacada por corsários. Em Outubro, embarcava para o Congo, acompanhado pelo padre António de Lisboa, tendo chegado a Luanda a 16 de Março de 1652 e a S. Salvador em meados de Julho.
Porém, Jacinto sentiu dificuldades para que os outros capuchinhos aceitassem o seu cargo de prefeito. Tal não inibiu a sua missão junto do rei do Congo, D. Garcia, o qual alternava entre um comportamento piedoso e a hostilidade face aos missionários. Anos mais tarde, a 28 de Julho de 1656, quando já se encontrava em Luanda, Brugiotti escreveu a D. Garcia, ameaçando mandar retirar todos os missionários capuchinhos do Congo caso este não mudasse a sua atitude para com estes.
Por outro lado, a missão de Jacinto Brugiotti no Congo foi marcada por alguns sucessos. Além de ter sido uma voz activa no tratado de paz assinado entre o rei do Congo e D. João IV, o capuchinho percorreu o interior do Congo em missão evangelizadora. Ainda no decorrer de 1652, concedeu o hábito àquele que seria o primeiro capuchinho congolês.
Em Dezembro de 1654, Jacinto pedia para seguir para Luanda. Afinal, o padre António de Gaeta havia, entretanto, chegado ao Congo para assumir o seu lugar. Em Luanda, nomeou o padre Serafim de Cortona prefeito da missão de Matamba e estabeleceu um hospício que se tornou na sede da prefeitura do Congo.
Devido a problemas de saúde, em Maio de 1657, Jacinto partiu de Luanda de regresso à Europa, tendo deixado o padre Crisóstomo de Génova para o seu lugar. Em Julho, chegava à Bahia e, nos finais do ano, encontrava-se já em Lisboa. A regente D. Luísa de Gusmão deu-lhe licença para seguir para Itália e ali recrutar mais oito missionários para o Congo. Em Maio de 1658, Jacinto chegava a Roma e, a 26 de Novembro daquele ano, apresentava à Congregação de Propaganda Fide uma detalhada relação sobre o estado do Congo e da nova prefeitura de Matamba, denunciando os problemas gerados pelo tráfico negreiro, pelo despotismo do rei e pela má conduta dos sacerdotes e outros europeus ali estabelecidos. Das suas memórias sobre a missão do Congo, resultaram duas obras: a Infelicitá felice a vero Mondo alla Roversa e Alcuni appuntamenti notabili circa la missione di Congo. A primeira teria sido escrita, pelo menos em parte, quando Jacinto se encontrava na casa da igreja de Nossa Senhora da Vitória, em S. Salvador. Giuseppe Simonetti, no artigo citado na bibliografia, apresenta uma breve descrição dos conteúdos dessa obra.
Em Roma, Jacinto ainda teve a oportunidade de publicar uma gramática congolesa, a Regulae quaedam pro difficillimi Congesium idiomatis faciliori captu ad Grammaticae Norman redactae, em 1659. Segundo Simonetti, a Doctrina Christiana também teria sido publicada nesse mesmo ano e não em 1650, como aparece na própria obra. Essa datação seria, assim, apenas um erro de impressão. Porém, não é possível comprovar essa hipótese.
Bibliografia
Estudos:Dario Busolini, “Giacinto de Vetralla”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 54, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1999, pp. 118-120.
João António Cavazzi de Montecúccolo, Descrição Histórica dos Três Reinos do Congo, Matamba e Angola. Tradução, notas e índices de Graziano Maria de Leguzzano, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1965, v. I, p. XXIV; vol. II, pp. 15-23, 37-40, 64, 420-421, passim.
Giuseppe Simonetti, “P. Giacinto Brugiotti da Vetralla e la sua missione al Congo (1651-1657)”, Bolletino della Società Geografica Italiana, série IV, vol. VIII, ano XLI, vol. XLIV, 1907, pp. 305-322, 369-381.
Violante Sugliani, “P. Giacinto Brugiotti e la sua Missione al Congo (Da una relazione inedita)”, Bolletino della Reale Società Geografica Italiana, série V, vol. XI, n.º 5-6, Maio-Junho 1922, pp. 238-247.