Projectos

Nome:SPINOLA , António
Outros nomes:ESPINOLA, António / ADORNO, António Spínola
Nascimento e morte:Génova, século XV - Funchal, entre 1525 e 1535
Descrição:Filho de Leone Spinola (ou Leonardo Spinola) e irmão de Lucano Spinola, António era casado com uma nobre genovesa, Maria da Porta. Deste enlace nasceu, entre outros, Pedro Spinola, o qual acabaria por se estabelecer na ilha Graciosa. Com Pollicena Rodrigues, foi também pai de António Spinola, legitimado por carta de 26 de Novembro de 1506.
António foi um dos primeiros genoveses que se estabeleceram na Madeira. Desde 1472 que comerciava trigo no arquipélago. Em 1477, recebia uma carta de segurança, autorizando-o a comerciar livremente no reino, privilégio que acabou por lhe ser confirmado alguns anos mais tarde, a 29 de Junho de 1484.
Em 1490, António recebia a naturalização portuguesa. Por essa data, já se dedicava à produção e comércio de açúcar da Madeira e, a partir de 1494, passou a também ter negócios no arquipélago dos Açores. Aliás, nesse ano e no seguinte, em conjunto com Estêvão Eanes, arrendou toda a produção das ilhas de S. Miguel, Santa Maria, Faial, S. Jorge e Graciosa por 1 300 mil reais. Numa carta de quitação de 29 de Junho de 1499, D. Manuel declarava paga a dívida acumulada durante esse contrato.
No início do século XVI, António Spinola representava os interesses de alguns mercadores portugueses na Madeira. Durante a primeira década de Quinhentos, operou como procurador de Diogo Afonso de Aguiar, de Tristão da Cunha e de João Calvo. Em 1508, António recebeu de Salvador Gramaxo, em nome de João Calvo, 1100 arrobas de açúcar. No ano seguinte, Tristão da Cunha passava-lhe uma procuração para receber 8 mil arrobas de açúcar, por desembargo do rei. Em 1510, Spinola ainda representava os interesses comerciais de Cunha na ilha. No final desse ano, confirmava que havia recebido de vários oficiais da ilha da Madeira, em nome do mercador português, o açúcar que fora desembargado em pagamento da pimenta transaccionada.
Também nos Açores, Spinola negociou em nome de outros mercadores. A 24 de Janeiro de 1506, encontrava-se na ilha de S. Miguel como representante de André Cassana na compra de umas terras nas Quatro Ribeiras. No ano seguinte, num consórcio com Duarte Pinto, Martim de Almeida e Diogo Martins, Spinola arrendou o açúcar dos Açores.
Em 1509, Antonio Spinola estava na Madeira, onde pagou 140 arrobas de açúcar ao almoxarife do Funchal. Nesse mesmo ano, comprou, na Calheta, 37 arrobas e meia de açúcar a João de Aveiro e 16 arrobas a João Nogueira.
D. Manuel concedeu a António e ao irmão Luciano Spinola, em 1513, uma autorização para poder usar o seu brasão de família em território português. Este era constituído por um escudo dourado, cortado horizontalmente por uma faixa axadrezada de três tiras, prateada e vermelha, a qual sustém um ramo de espinhos vermelho, e, por timbre, o mesmo ramo.
Integrado numa sociedade da qual participavam Luís Doria, Benito Morelli e Simão Acciaiuoli, António Spínola, entre 1516 e 1518, arrendou todos os direitos reais da Madeira. Nesse contrato, foi representado pelo primo Leonardo Spinola.
Segundo alguma bibliografia, a 30 de Abril de 1524, António concedia alguns terrenos, em regime de sesmaria, para a construção da capela de São Tiago, sob a condição desta vir a servir de sepultura à sua família. Porém, Peragallo data essa doação de 1535. O mesmo autor admite que tal data poderia estar antes associada a uma confirmação da doação que teria sido concedida a um descendente do biografado.
O nome de António Spínola aparece com frequência em documentação posterior, podendo-se tratar, possivelmente, de descendentes do mercador genovês. Em 1542, um António Spínola residia em Cabo Verde, onde desempenhava as funções de juiz. Um outro homónimo encontrava-se, em 1555, em Angra, onde era detentor de uma abastada fortuna e estava encarregado de prover a todas as despesas necessárias para o aparelhamento de quatro caravelas. Bragaglia coloca a hipótese deste ser um bisneto do biografado.
Bibliografia
Estudos:Afonso Eduardo Martins Zúquete, Armorial Lusitano. Genealogia e Heráldica, Lisboa, Representações Zairol, 1961, p. 199.
Luísa D’Arienzo, La presenza degli italiani in Portogallo al tempo di Colombo, Roma, Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato / Libreria dello Stato, 2003, p. 583.
Morais do Rosário, Genoveses na História de Portugal, Lisboa, [s.n.], 1977, p. 314.
Pierluigi Bragaglia, Os italianos nos Açores e na Madeira, das origens da colonização a 1583 (conquista espanhola da Terceira). Tese de Laurea em História Moderna na Universidade dos Estudos de Bologna – Faculdade de Ciências Políticas, Bolonha, 1992, exemplar policopiado, pp. 388, 450-459.
Prospero Peragallo, Cenni intorno alla colonia italiana in Portogallo nei secoli XIV, XV e XVI, Genova, Stabilimento Tipografico Ved. Papini e Figli, 1907, p. 160-161.
Fontes:ANTT, Corpo Cronológico, parte I, maço 6, n.º 90.
Idem, Ibidem, parte II, maço 17, doc. 85; maço 21, doc. 19; maço 23, doc. 94, maço 81, doc. 58.
Fernando Jasmins Pereira e José Pereira da Costa (prefácio, leitura e índice), Livro de contas da Ilha da Madeira 1504-1537, vol. II, Coimbra, Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Emigração / Centro de Estudos de História do Atlântico, 1989, pp. 5, 141, 191, 211.