Projectos
Nome: | BIONDI, Fabio |
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Nascimento e morte: | Montalto, 1533 – Roma, 6/12/1618 |
Descrição: | Originário de uma família ilustre de Montalto, Fabio Biondi, logo após ter completo os seus estudos, colocou-se ao serviço dos cardeais Pier Francesco e Guido Ferreri como seu secretário e conselheiro. Sob a dependência do bispo Cerbia Lorenzo Campeggi, foi nomeado núncio em Veneza no ano de 1585. Posteriormente, o papa Sisto V acabaria por solicitar o seu regresso a Roma para preceptor do seu sobrinho Alessandro. Em 1588, Biondi era designado patriarca de Jerusalém. Ostentando este título, a 1 de Outubro de 1592, foi escolhido pelo papa Clemente VIII como colector apostólico em Portugal e, em Agosto do ano seguinte, assumiu o cargo de vice-legado, o que fomentou a relevância da sua missão. Acompanhou-o, como seu secretário, Giovanni Battista Confalonieri. Durante o tempo em que se encontrou em Lisboa, Fabio Biondi emitiu uma abundante correspondência, na qual tratava, com especial relevo, de assuntos relacionados com a actividade mercantil florescente na capital portuguesa. Nessas missivas, o legado papal caracterizava o povo português como muito piedoso e, assim, imune a qualquer influência herética. Uma das principais bandeiras de Biondi foi a instituição de um episcopado no Congo. Em 1594, recebia ordens da Santa Sé para conduzir um inquérito sobre a situação política e religiosa do território. O seu principal informante foi o embaixador de Álvaro II em Lisboa, António Vieira, que lhe deu uma descrição pormenorizada sobre as práticas religiosas e o avanço do cristianismo no Congo. Em Novembro de 1595, Biondi remetia para Roma uma relação sobre o estado da fé cristã naquele território, mostrando-se favorável à criação de uma diocese independente da de S. Tomé. Desta forma, o colector apostólico contribuiu para que, a 20 de Maio de 1596, fosse criada a diocese de São Salvador. Biondi não conseguiu ter os mesmos resultados na resolução das questões relativas à limitação da jurisdição da Igreja e do Estado. Em 1595, o conde de Castel-Rodrigo opôs-se à sua disposição em traduzir para português a bula papal In coena Domini. Aliás, as relações entre o colector e as autoridades civis portuguesas tendiam a se deteriorar, com mútuas acusações de abuso de poder. Assim, a 15 de Outubro de 1596, foi exonerado da sua missão em Portugal. Biondi regressou a Roma e, em 1602, foi nomeado por Clemente VIII mordomo e prefeito do palácio, cargo que conservou até à sua morte. Faleceu com o título de patriarca de Constantinopla. |
Bibliografia | |
Estudos: | Alberto Ghislberti, “Biondi, Fabio”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 10, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1968, pp. 526-527. Richard Gray, "A Kongo Princess, the Kongo Ambassadors and the Papacy", Christianity & the African Imagination. Essays in Honour of Adrian Hastings, Boston, Brill, 2002, pp. 31-33. Samuel Rodrigues, “Legados pontifícios”, Dicionário de História Religiosa de Portugal. Direcção de Carlos Moreira Azevedo, vol. II, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, p. 290. |
Fontes: | José da Silva Mendes Leal, Corpo Diplomatico Portuguez contendo os actos e relações politicas e diplomaticas de Portugal com as diversas potencias do mundo..., vol. XII, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1884-1886, p. 47. |