Projectos

Nome:MASSAI, Alexandre
Outros nomes:MASSAY, Alessandro / MASSAII, Alexandre
Nascimento e morte:m. Lisboa, c. 1630
Descrição:Sobrinho de João Vicente Casale, Massai iniciou a sua carreira ao lado do seu tio, a trabalhar ao serviço de Filipe II de Espanha, em Nápoles.
Chegou a Portugal em 1589, acompanhado por Casale. Inicialmente destacado para as obras no forte de Cabeça Seca e no castelo de Santo António, em 1590, recebeu ordens para se estabelecer na ilha do Pessegueiro e ali dirigir a edificação de um forte.
Quando Casale morreu, Massai tentou convencer Filipe II a atribuir-lhe as obras iniciadas pelo tio, segundo testemunha uma carta datada de 7 de Janeiro de 1594. Porém, o engenheiro não teve a resposta que pretendia e continuou a trabalhar na fortificação da ilha do Pessegueiro.
A 17 de Outubro de 1594, Massai casava-se com a portuguesa Paula Frias Viegas, filha de Nicolau Frias, também arquitecto e engenheiro militar. Após a morte da esposa, herdou a quinta dos Arciprestes. Em 1599, vendeu-a a Afonso Dias de Mesquita. Viúvo, casou em segundas núpcias com Vicência Frias, possivelmente irmã da sua primeira esposa. Deste enlace, foi pai de Paulo Massai, o qual seguiu a carreira militar. Lívio Costa Guedes refere ainda um segundo filho de Alexandre, Pedro Massai, que, segundo um alvará de 18 de Abril de 1629, era nomeado “engenheiro das partes da Índia”.
Após ter acabado os trabalhos na ilha do Pessegueiro, Massai foi encarregado de estudar os meios necessários à fortificação de Vila Nova de Milfontes e da entrada da barra. Era nessa vila que se encontrava a residir em 1605, acompanhando de perto os trabalhos de fortificação. Simultaneamente, Massai desenhava uma angra em Sines, capaz de recolher sessenta embarcações. Encontrava-se ainda a trabalhar nesta obra nos anos de 1610 e 1616-1617.
A experiência de Massai conduziu a que fosse frequentemente consultado pelas autoridades portuguesas e solicitados os seus pareceres. Sob ordens do governador D. Manuel de Alencastro, elaborou uma relação acerca do mosteiro e do forte do cabo de S. Vicente, na qual recomendava a reparação do que fora destruído durante os ataques dos corsários ingleses. A 7 de Janeiro de 1617, por indicação do conde de Portalegre, apresentava um relatório sobre as causas e soluções para o assoreamento da barra do Tejo. Nesse mesmo ano, Massai elaborou as plantas do forte à entrada da barra de Vila Nova de Portimão e concluiu a relação Diligências nas obras e fortalezas e calheta de Sines e do reino do Algarve.
Por essa mesma altura, Massai encontrava-se em fase de recolha de informações para a elaboração da sua Descrição do Reino do Algarve, terminada em 1621. Esta descrição e o relatório de 1617 apresentavam uma série de semelhanças na informação transmitida. Massai aproveitou os dados que recolhera para o relatório, corrigiu algumas informações mais imprecisas e aprofundou outras. O resultado foi uma descrição clara e concisa do reino do Algarve, na qual revelava a sua formação técnica, o cuidado na ordenação e síntese dos assuntos, uma abundante informação quantitativa e um especial interesse pela temática defensiva. Organizada geograficamente, composta por pequenas relações das várias localidades algarvias, a Descrição é a obra de um prático que se baseia na sua própria experiência.
Bibliografia
Estudos:Lívio da Costa Guedes, Aspectos do reino do Algarve nos séculos XVI e XVII. A “Descripção” de Alexandre Massaii (1621). Separata de Boletim do Arquivo Histórico Militar, Lisboa, 1988.
Orietta Lanzarini, “Il codice cinquecentesco di Giovanni Vincenzo Casale e i suoi autori”, Annali di architettura, n.º 10-11, 1998-99, pp. 185-188, 198-199.
Sousa Viterbo, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou a Serviço de Portugal, 2ª ed., 2º vol., Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1988, pp. 152-153, 461-467.