Projectos

Nome:ACCIAIUOLI, Simão
Outros nomes:ACCIAIUOLI, Simone / ACCIAIOLI, Simão / ACCIOLI, Simão / ACHIOLI, Simão / ANXJOLI, Simão / CHIOLI, Simão / CHEOLY, Simão
Nascimento e morte:Florença, 2ª metade séc. XV - Madeira, 15/2/1544
Descrição:Filho de Zenobio Acciaiuoli e de Gantura Maria Gereni e sobrinho de Benoco Amatori, Simão era membro de uma família nobre florentina. Segundo Lacerda Machado, os Acciaiuoli descendiam de uma casa de Borgonha que se estabeleceu em Florença. O brasão familiar era constituído por um leão azul em campo de prata, armado de vermelho, com um elmo de prata aberto guarnecido de ouro, paquife de prata e azul e, por timbre, um leão.
A companhia Acciaiuoli era a terceira maior em Florença no século XIV, com ramificações por toda a Europa, tendo chegado a empregar um total de 41 feitores espalhados por Génova, Nápoles, Barletta, Avinhão, Rodes, Famagusta, Sicília, Pisa, Bruges, Londres, Roma, Grécia, Tunes, Paris e Bolonha.
Em 1509, Simão encontrava-se estabelecido na ilha da Madeira, onde era recebedor dos quartos do rei. Nesse ano, ele comprou, na Calheta, 176 arrobas a João de Aveiro, 11 arrobas a Martim Afonso e 47 arrobas a João Nogueira, tudo em açúcar branco. Pela mesma altura, adquiriu junto de Gonçalo Fernandes, 100 arrobas de açúcar meles.
Eram vários os mercadores com quem Acciaiuoli comerciava aquela mercadoria, destacando-se António Fernandes, Diogo Fernandes, Francisco Lourenço, Gonçalo Dias, Gonçalo Esteves, João Álvares e Manuel Homem.
Em 1516, Acciaiuoli fixou a sua residência no Funchal, mais exactamente, na rua Direita ou na rua dos Mercadores.
Agente de Benedetto Morelli e de Lopo de Azevedo, em 1516 e 1518, Acciaiuoli participou de um consórcio para o arrendamento dos direitos reais e alfandegários na Madeira. Além dos ditos mercadores, integravam também a sociedade Antonio Spinola, Luis Doria e mais três tratantes portugueses.
Acciaiuoli desenvolveu a sua carreira de contratador nos anos seguintes. Em 1520, tinha arrendados três quartos do ramo das miunças da cidade do Funchal, por 161 347 réis, contrato que retomaria cinco anos depois.
Em 1529, junto com Pedro Folgado, recebia uma procuração do mercador Diogo de Marchena, para receber 200 arrobas de açúcar de Rui Mendes Tacão, almoxarife no Funchal.
Além de comerciante, Simão era também produtor de açúcar. Aliás, no ano de 1530, ele chegou a produzir 1365 arrobas daquela mercadoria.
Porém, a sua actividade mercantil abrangia outros ramos de negócio. Afinal, no início da sua estadia na Madeira, dedicara-se ao comércio de cereais dos Açores, existindo o registo de que, em Setembro de 1512, encontrava-se a dever um moio de trigo açoreano a Fernão Pardo. Além do mais, a tradição atribui a Acciaiuoli a introdução da videira de Malvasia na Madeira.
A prosperidade das actividades económicas desenvolvidas na ilha proporcionaram-lhe o acesso a alguns cargos administrativos. A 8 de Maio de 1523, era nomeado almoxarife dos quintos reais, cargo que havia pertencido ao seu sogro, Pero Rodrigues. Este prometera a sucessão naquele cargo a quem se casasse com a sua filha, Maria Pimentel Drumond. Deste enlace, Simão foi pai de Zenobio Acciaiuoli e de Genebra Acciaiuoli, a qual se casaria com o capitão Pedro Folgado. O Nobiliário de Famílias de Portugal refere ainda um outro filho de Simão, Miguel de Acciaiuoli, o qual viria a se casar com Maria de Andrade de Castelo Branco.
Simão desempenhou também o cargo de almoxarife do Funchal em dois períodos distintos: entre 1523 e 1526 e entre 1530 e 1531. Desde Dezembro de 1532 até Março de 1534, foi provedor da fazenda real na região.
O prestígio social dos Acciaiuoli em Portugal era ascendente. A 27 de Outubro de 1529, Simão recebia autorização para ostentar as armas da família no reino. Posteriormente, passaria a ostentar o hábito da Ordem de Cristo.
Antes de falecer, instituiu o morgado de Nossa Senhora do Faial ou da Natividade e mandou construir a capela de Nossa Senhora da Piedade dentro do núcleo mais antigo do convento de S. Francisco, no Funchal. Seria ali que repousariam os seus restos mortais. Na administração do morgado, sucedeu-lhe o filho Zenóbio, o qual se notabilizou na resistência ao saque da ilha da Madeira por corsários franceses em 1566.



Palavras-chave:Nobre; Feitor; Comerciante; Mercador; Contratador; Produtor; Almoxarife; Borgonha; Florença; Génova; Nápoles; Barletta; Avinhão; Rodes; Famagusta; Sicília; Pisa; Bruges; Londres; Roma; Grécia; Tunes; Paris; Madeira; Calheta; Funchal; Genebra; Faial; Ordem de Cristo; Comvento de S. Francisco
Bibliografia
Estudos:Clementina Rotondi, “Acciaiuoli, Simone”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 1, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1960, p. 93.
F. S. de Lacerda Machado, A Familia Acciaiuoli de Florença e de Portugal, com suas ramificações em Espanha e no Brasil. Notícia histórica e genealógica, Lisboa, [s.n.], 1941.
Fernando Jasmins Pereira, “Estrangeiros na Madeira entre 1500 e 1537”, Estudos sobre História da Madeira, Funchal, Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Emigração / Centro de Estudos de História do Atlântico, 1991, pp. 365-367.
Joel Serrão, “Acciaiuoli, ou Acciaioli”, Dicionário de História de Portugal, vol. I, Porto, Livraria Figueirinhas, [s.d.], p. 17.
Luísa D’Arienzo, La presenza degli italiani in Portogallo al tempo di Colombo, Roma, Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato / Libreria dello Stato, 2003, pp. 774-776.
Manuel José da Costa Felgueiras Gayo, Nobiliário de famílias de Portugal, vol. I, Braga, Carvalhos de Basto, 1989, p. 136.
Pierluigi Bragaglia, Os italianos nos Açores e na Madeira, das origens da colonização a 1583 (conquista espanhola da Terceira). Tese de Laurea em História Moderna na Universidade dos Estudos de Bologna – Faculdade de Ciências Políticas, Bolonha, 1992, exemplar policopiado, pp. 411-415.
Prospero Peragallo, Cenni intorno alla colonia italiana in Portogallo nei secoli XIV, XV e XVI, Genova, Stabilimento Tipografico Ved. Papini e Figli, 1907, pp. 19-21.




Fontes:ANTT, Chancelaria de D. João III, liv. 52, fl. 81v.
Idem, Corpo Cronológico, parte II, mç. 153, n.º 25; mç. 157, doc. 14; mç. 159, nº 33; mç. 163, doc. 48, doc. 78, doc. 80 e doc. 108; mç. 164, doc. 136; mç. 165, n.º 88.
Fernando Jasmins Pereira e José Pereira da Costa (prefácio, leitura e notas), Livros de Contas da Ilha da Madeira 1504-1537, 2 vols., Coimbra, Biblioteca Geral da Universidade, 1985, passim.