Projectos

Nome:ACCORAMBONI, Octávio
Outros nomes:ACCORAMBONI, Ottavio
Nascimento e morte:Roma, 1549 – Roma, 3/5/1625
Descrição:Jesuíta romano, Accoramboni completou os seus estudos na Universidade de Pádua. Iniciou a sua ascensão na hierarquia eclesiástica como homem de confiança do cardeal de Montalto. A 15 de Maio de 1579, era nomeado bispo de Fussombrone, cargo no qual se manteve até 1610, quando renunciou ao episcopado e regressou a Roma.
Em 1614, Octávio Accoramboni era enviado a Portugal como colector da Fábrica de S. Pedro, em substituição de Gaspar Albertoni, bispo de Sant’Angelo. Nas instruções que o papa Paulo V lhe remeteu, a 1 de Junho daquele ano, era salientada a importância da missão desempenhada pelos jesuítas italianos na Índia Portuguesa e como o novo colector deveria zelar pela sua continuação. Para tal, Accoramboni deveria convencer o vice-rei a facilitar a actividade prosélita da Companhia de Jesus naquele território. Outra das missões de Accoramboni prendia-se com a defesa da jurisdição e imunidade eclesiástica. O colector deveria convencer os bispos portugueses de que o papa tinha em boa consideração aqueles que cuidavam da defesa da sua jurisdição, desejando protegê-los e gratificá-los. Relativamente à imunidade eclesiástica, as instruções expunham uma situação concreta: a ordem régia que proibia os ministros e comunidade eclesiástica da aquisição de bens imóveis sem licença do rei, devendo ser devolvidos todos os que tinham sido à adquiridos, dentro do prazo de um ano e um mês. Accoramboni ficaria atento aos desenvolvimentos na aplicação do decreto e informaria a Santa Sé no caso de alguma novidade.
Logo no primeiro ano de nunciatura, Accoramboni fez diligências para a introdução em Portugal do culto a dois santos italianos então recentemente canonizados: S. Carlos Borromeo e Santa Francesca Romana. Assim, mandou colocar na igreja de Nossa Senhora do Loreto um quadro com a representação dos dois santos. Em sua honra, o colector organizou uma procissão que, a 27 de Junho de 1616, saiu de barco de Aldeia Galega até Lisboa. Sobre esta procissão foi escrita uma Relatione svccinta della solenne processione di S. Carlo, fatta in Lisbonna da Monsignore Vescouo Accoromboni Colletore, l’Anno 1616, dedicada ao cardeal Borghese.
Seguindo as instruções que recebera ao sair de Roma, Accoramboni, a 27 de Junho de 1617, publicava em Lisboa um interdito em resposta às contínuas violações feitas à imunidade eclesiástica. Tal gerou um confronto entre as autoridades civis e o colector. O Desembargo do Paço suspendeu as suas acções temporais, enquanto que Accoramboni excomungou os desembargadores. A situação apenas se amenizou após a intervenção do padre Francisco Soares, o qual tentou mediar os dois lados do conflito. Em Setembro daquele ano, aquando da morte do padre Soares, o colector levantou as interdições à igreja de S. Roque para que ali fossem celebradas as exéquias. Apenas no ano seguinte, é que os ânimos se apaziguaram, não sem antes o rei fazer um ultimato a Accoramboni para que, no espaço de três dias, abandonasse o reino. A 30 de Maio, o cardeal secretário de Roma ordenava ao colector que levantasse o interdito dado que todos os actos praticados pelos ministros régios haviam sido revogados. No mês seguinte, a Santa Sé era informada de que o interdito terminara.
Accoramboni ainda permaneceu em Portugal durante mais três anos, abandonando o reino apenas no final de 1622. A 17 de Maio de 1621, fora nomeado arcebispo de Urbino, cargo no qual se manteve durante dois anos, acabando por renunciar por motivos de saúde.
A memória de Octávio Accoramboni foi perpetuada pela pena de dois escritores, J. L. Tieck e Stendhal.
Palavras-chave:Religioso; Jesuíta; Bispo; Colector; Arcebispo ; Pádua; Montalto; Fussombrone; Roma; Lisboa; S. Roque; Urbino; Companhia de Jesus; S. Carlos Borromeo; Santa Francesca Romana
Bibliografia
Estudos:Alberto Guisalberti “Accoramboni, Ottavio”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 1, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1960, p. 113.
Francisco Rodrigues, História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal, tomo II, vol. II, Porto, Livraria do Apostolado da Imprensa, 1938, pp. 196-198.
Samuel Rodrigues, “Legados pontifícios”, Dicionário de História Religiosa de Portugal. Direcção de Carlos Moreira Azevedo, vol. II, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, p. 290.


Fontes:Corpo Diplomatico Portuguez contendo os actos e relações politicas e diplomaticas de Portugal com as diversas potencias do mundo desde o seculo XVI até aos nossos dias, tomo XII, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1902, pp. 183-195, 207-212.
Relatione svccinta della solenne processione di S. Carlo, fatta in Lisbonna da Monsignore Vescouo Accoromboni Colletore, l’Anno 1616, Lisboa, Pedro Crasbeeck, 1616.