Projectos

Nome:ALESSANO, Boaventura de
Nascimento e morte:m. S. Salvador [Congo], 2/4/1651
Descrição:Capuchinho da província de Roma, Boaventura de Alessano iniciou a sua vida de missionário em Constantinopla.
A 17 de Abril de 1641, chegava a Lisboa a liderar um grupo de seis capuchinhos italianos destinados, pela Congregação da Propaganda Fide, à missão no Congo. Entre os seus companheiros encontravam-se os padres João Francisco de Roma, da província de Roma, António de La Torella e Januário de Nola, da província de Nápoles, e os irmãos Frei António de Lucagagno e Frei Marcos de Monte dell’Olmo, ambos da província de Roma.
Ao chegarem à capital portuguesa, foram acolhidos pelo vice-colector Jerónimo Battaglini, o qual os acomodou na casa onde residia. Pouco depois, eram recebidos pelo rei. Num momento inicial, João IV chegou a alimentar a esperança dos capuchinhos seguirem viagem para o Congo. D. Luísa de Gusmão prestou-lhes particular reverência e prontificou-se a arranjar-lhes alojamento nas proximidades do paço ou num qualquer mosteiro que escolhessem, proposta que os capuchinhos acharam melhor declinar, não achando conveniente abandonar os aposentos concedidos por Battaglini. Então, a rainha confiou o seu sustento ao vice-colector.
Os capuchinhos começaram a tratar do financiamento da sua viagem para África, constatando a generosidade dos fiéis portugueses que, em pouco tempo, permitiram a reunião de uma verba que ultrapassava os 1 500 escudos romanos.
Menos entusiasmado estava D. João IV, não se mostrando disposto a enviar os capuchinhos antes de averiguar se algum deles tinha ligações à coroa espanhola. Assim, a 1 de Outubro de 1641, Boaventura solicitava ao secretário da Propaganda Fide que desse novas patentes aos religiosos naturais de Nápoles e ao padre João Francisco de Roma, estabelecendo que eram naturais de Roma.
O próprio Boaventura, sendo natural de Alessano, na província de Otranto, reino de Nápoles, também poderia ser considerado súbdito do rei de Espanha. Porém, havia mais de 25 anos que se agregara à província capuchinha de Roma e, assim, passou despercebido às autoridades portuguesas.
Com a tomada de Luanda pelos Holandeses, as esperanças dos capuchinhos de partirem para o Congo tornaram-se mais remotas. A 5 de Fevereiro de 1642, segundo uma carta de Jerónimo Battaglini ao prefeito da Propaganda Fide, Boaventura havia partido de Portugal num navio que se destinava a Veneza. A 14 de Março, já se encontrava em Messina.
Porém, numa segunda tentativa, Boaventura conseguiu seguir para a missão no Congo. A 22 de Junho de 1643, era nomeado prefeito para aquela missão. Desta vez, partiria de Espanha, onde chegou em finais de Novembro.
A 4 de Fevereiro de 1645, Boaventura seguiu para o Congo, a partir de San Lúcar, e chegou ao Sonho a 3 de Junho. Ali, revelou-se não apenas no trabalho de missionário como também em acções diplomáticas. O capuchinho intercedeu na paz entre o conde do Sonho e o rei do Congo. A 2 de Setembro de 1645, chegava a S. Salvador para tratar dessa matéria.
Boaventura foi também o responsável por uma reorganização da prefeitura do Congo. Em Setembro de 1648, dividia-a em seis estações missionárias: S. Salvador, Sonho, Sundi, Bamba, Uandu e Bata. Ainda no final daquele ano, aceitou o pedido do governador e dos moradores de Luanda para ali fundar um hospício.
Durante a sua missão, Boaventura tentou penetrar no reino de Micocco e dali chegar à Abissínia, tendo pedido licença para tal à Congregação de Propaganda Fide. Acabou por fundar a missão de Micocco, da qual foi nomeado prefeito em 1650 e 1653. Porém, as patentes enviadas chegariam apenas após a sua morte.
Antes de falecer, deixou a prefeitura ao padre Januário de Nola. Morreu com fama de santidade.
Palavras-chave:Capuchinho; Missionário; Roma; Constantinopla; Lisboa; Congo; Nápoles; Otranto; Espanha; Luanda; Veneza; Messina; San Lúcar; Sonho; S. Salvador; Sundi; Bamba; Uandu; Bata; Micocco; Abissínia; Italianos; Congregação da Propaganda Fide; João Francisco de Roma; António de La Torella; Januário de Nola; Frei António de Lucagagno, Frei Marcos de Monte dell’Olmo; Jerónimo Battaglini; D. João IV; D. Luísa de Gusmão;
Bibliografia
Estudos:Francisco Leite de Faria, Tentativas frustradas para uma casa de capuchinhos italianos em Lisboa. Separata de Miscellanea Melchor de Pobladura, Roma, 1964, pp. 249-252.
João António Cavazzi de Montecúccolo, Descrição Histórica dos três reinos do Congo, Matamba e Angola, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1965, vol. I, pp. 326-327, passim; vol. II, p. 389-390.