Projectos

Nome:BATTAGLINI, Jerónimo
Outros nomes:BATAGLIA, Jerónimo
Nascimento e morte:Séc. XVII
Descrição:Entre 1640 e 1646, Jerónimo Battaglini representou a Santa Sé em Portugal. Nomeado colector apostólico em 1640, ainda no decorrer desse ano, foi privado desse cargo, passando a exercer o de vice-colector. Teve um papel particularmente relevante no que respeitou ao acolhimento e defesa dos interesses dos capuchinhos italianos que, durante aquele período, chegaram a Lisboa, destinados às missões africanas.
Quando, a 17 de Abril de 1641, entrou em Lisboa um grupo de seis capuchinhos liderados pelo padre Boaventura de Alessano, Battaglini ofereceu os seus aposentos para os alojar. Também foi encarregue pela rainha de tratar do sustento dos religiosos. Perante as reticências de D. João IV em autorizar o envio dos missionários para o continente africano, desconfiando da sua ligação à coroa castelhana, Battaglini intercedeu em favor dos capuchinhos, embora sem sucesso.
Os mesmos esforços foram desenvolvidos para com um novo grupo de capuchinhos, oriundos da província de Génova, que chegou a Lisboa em 1644. A 24 de Julho desse ano, Battaglini escrevia ao secretário da Congregação de Propaganda Fide a noticiar a sua entrada na capital do reino. Alguns dias depois, o vice-colector voltava a escrever ao mesmo destinatário, propondo que se diligenciasse a construção de um hospício em Lisboa para o acolhimento dos missionários capuchinhos que passassem pela cidade.
Porém, a situação dos capuchinhos em Lisboa tornou-se mais tensa quando começaram a circular na cidade rumores de que, entre a expedição que partira de San Lúcar, em 1645, rumo ao Congo, haviam-se infiltrado, disfarçados, dois soldados e um bispo espanhóis. Perante essa situação, em 1646, Battaglini aconselhava o regresso a Lisboa do padre Boaventura de Taggia, então em Angola.
A 20 de Novembro de 1646, inesperadamente, D. João IV enviou Battaglini a Roma para ali tratar de assuntos relativos à nomeação dos bispos. O monarca esperava o aval da Santa Sé para o preenchimento das sedes vacantes, então já um total de vinte. Porém, este problema ficou suspenso até 1668, quando foi reconhecida a independência de Portugal por Espanha e pela Santa Sé.
No mesmo ano de 1646, Battaglini foi substituído pelo seu secretário Vicente Mobili nas funções de representante da Santa Sé em Lisboa. Essa substituição teria sido encorajada pela própria coroa portuguesa. Afinal, as impressões deixadas pelo trabalho desenvolvido pelo vice-colector em Portugal não foram sempre favoráveis. A 2 de Agosto de 1647, o marquês de Nisa, embaixador em França, escrevia a Frei Manuel Pacheco e, ao abordar a nomeação de Battaglini para monsenhor, fazia o seguinte comentário: “Não duvido que Batagline seja Monsenhor porque o seu dinheiro para muito mais he e sem escrupulo lho pudera Sua Santidade tomar todo pois tão mal o ganhou [...]” (Corpo Diplomático, v. XIII, p. 151)
Bibliografia
Estudos:Francisco Leite de Faria, Tentativas frustradas para uma casa de capuchinhos italianos em Lisboa. Separata de Miscellanea Melchor de Pobladura, Roma, 1964, pp. 249, 252, passim.
Samuel Rodrigues, “Legados pontifícios”, Dicionário de História Religiosa de Portugal. Direcção de Carlos Moreira Azevedo, vol. II, Lisboa, Círculo de Leitores, 2001, p. 290.
Teresa Leonor Magalhães do Vale, Escultura Italiana em Portugal no Século XVII, Lisboa, Caleidoscópio, 2004, pp. 61-62.
Fontes:Corpo Diplomatico Portuguez contendo os actos e relações politicas e diplomaticas de Portugal com as diversas potencias do mundo desde o seculo XVI até aos nossos dias, tomo XIII, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1907, pp. 151.