Projectos
Nome: | ANTONELLI, Baptista |
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Outros nomes: | ANTONELLI, Battista / ANTONELLI, Bautista / ANTONELLI, Giovanni Battista |
Nascimento e morte: | Gatteo, XVI – Madrid, 11/2/1616 |
Descrição: | Filho do arquitecto Girolamo Antonelli e de Lucrezia Scuire, o biografado era irmão do engenheiro e arquitecto homónimo responsável pelos trabalhos na sistematização do rio Tejo. Por isso, para evitar equívocos, é vulgarmente denominado na bibliografia simplesmente como Baptista Antonelli. Pouco depois de 1570, Antonelli entrava ao serviço de Filipe II. Durante esses primeiros anos, trabalhou em Navarra, na Catalunha e em Valência. Em 1574, Filipe II enviava o vice-rei de Valência, Vespasiano Gonzaga Colonna, para fortificar a praça de Oran. Sob as suas ordens, seguiram os dois irmãos Antonelli. Durante esta viagem, examinaram os portos de Mazalquivir, Alceo, Melilla e La Laguna. Regressando aos trabalhos na Península, Antonelli interveio nas fortificações de Peñiscola e Alicante, de onde partiu para Lisboa. Ali, participou da tomada espanhola da coroa de Portugal e ainda se encontrava naquela cidade quando Filipe II lhe confiou a missão de pôr em prática o projecto de defesa do Estreito de Magalhães, levantando dois fortes previamente traçados pelo irmão João Baptista. O monarca espanhol pretendia uma fortificação eficaz que impedisse a passagem de navios ingleses e holandeses. Assim, a 9 de Dezembro de 1581, Antonelli partia do porto de Cádis para a América, na armada de Don Alvaro Flores de Valdés. Durante a viagem, a armada passou por Cabo Verde, onde Antonelli tomou algumas notas para ali se construírem novos baluartes e, em Praia, efectuou estudos sobre a condução das águas para a povoação. Porém, o objectivo final da viagem não chegaria a ser cumprido. A 7 de Janeiro de 1583, a nau Concepción, em que seguia Antonelli, ficou presa ao sair da ilha de Santa Catarina. Sem conseguir chegar ao Estreito de Magalhães, Antonelli passou para o Brasil, onde permaneceu durante dois anos. Em Santos e no Rio de Janeiro, foi responsável por algumas obras como o forte da Laje, à entrada da baía de Guanabara, o forte de S. Vicente, em Santos, e o forte da Barra Grande, junto à praia do Guarujá. Segundo Rafael Moreira, Antonelli teria sido também o responsável pelo traçado octogonal da cidade do Rio de Janeiro. Em 1585, estava de regresso à Europa, tendo deixado no Brasil o seu assistente, Gaspar Sampere. Porém, no ano seguinte, Filipe II voltou a destinar Antonelli às Índias Ocidentais. Afinal, os ataques franceses, ingleses e holandeses aos portos do mar das Caraíbas, obrigara o Conselho das Índias a decidir um vasto plano de fortificações que garantissem a segurança daquelas costas. Assim, Antonelli partiu, como auxiliar do mestre de campo Juan de Tejeda, na armada de Alvaro Flores de Quiñones. Por tal ofício, receberia um soldo de mil ducados anuais. Passaram por Cartagena, Tierra Firme, Cuba, Portobelo e Havana. No Panamá, Antonelli projectou uma torre e um armazém destinado ao comércio na desembocadura do rio de Chagre. Ao regressar à Europa, viu ser aprovado, por Tibúrcio Spanocchi e pelos outros conselheiros do rei, o plano de fortificações para a América Castelhana que projectara com Juan de Tejeda. Assim, a 23 de Novembro de 1588, os dois eram encarregues da execução desse projecto, além de levarem instruções para estudarem a situação da baía de Fonseca e do Puerto de los Caballos, com vista à descarga das frotas do Peru. Assim, o itinerário de Antonelli deveria ser por Porto Rico, Santo Domingo, Havana, Florida, Cartagena, Nombre de Dios, Portobelo, Panamá e rio de Chagre. Porém, a viagem foi atribulada e a nau em que Antonelli seguia naufragou à costa de Porto Rico, perdendo-se parte do material e das ferramentas que transportava. Durante um mês, Antonelli permaneceu no porto de Santo Domingo, presenciando o ataque inglês. A 15 de Maio 1589, abandonou a ilha rumo a Havana, onde, até ao final do ano, se ocupou das fortificações da cidade e de obras de carácter civil, como a do aqueduto de Chorrera. Embarcou depois para o México e Tierra Firme para ali visitar as obras de San Juan de Ulúa e informar-se sobre o caminho de Puerto de Caballos à baía de Fonseca. Antonelli escreveu uma relação de viagem sobre a sua viagem até à cidade do México pelo caminho de las Ventas. Estudou a baía de Fonseca e propôs, para a sua defesa, a construção de um baluarte na ilha de los Venados. Antonelli regressou a Havana, onde continuou as suas obras de fortificação. Porém, este trabalho acabaria por sofrer duras críticas, o que teria motivado a ordem de Filipe II, em Julho de 1593, para que se retirasse de Havana e seguisse rumo a Cartagena, o que o engenheiro não aceitou passivamente, argumentando que ainda não havia terminado a obra no forte do Morro e que, além disso, também não considerava indispensável a sua presença em Cartagena. Porém, a 8 de Outubro de 1594, com uma nova cédula real, Antonelli abandonava Havana rumo a Nombre de Dios, deixando as obras encomendadas ao sobrinho Cristóbal de Roda. Dirigiu-se, então, ao Panamá, encarregue de estudar a possibilidade de abertura de um canal para o Pacífico, empresa que concluiu ser impraticável, dados os largos custos que acarretaria. Foi depois para Portobelo, onde desenhou os fortes de San Felipe, Sotomayor e Santiago. Antes de regressar à Península Ibérica, por volta de 1599, Antonelli ainda visitou Santa Marta, o rio Hacha e Florida. Em 1604, estava novamente de partida para a América, com a missão de impedir a exploração das salinas de Araya pelos ingleses e holandeses. De Araya, dirigiu-se a Cumaná para ali fazer o mapa do rio. Antonelli continuou pelo golfo de Caríaco e pela laguna de los Ostiones, até à altura da ilha de Margarita. Já no Brasil, levantou um castelo na vila de Caparaíba, visando impedir a exportação de pau-brasil e de outras mercadorias pelos holandeses. De regresso à Europa, em 1610, Antonelli encarregou-se ainda das fortificações de Gilbraltar. Durante cinco anos, esteve a trabalhar em Larache, sob as ordens do marquês de Hinojosa. Regressado a Madrid, faleceu na calle de la Espada, tendo o seu corpo sido enterrado no convento das carmelitas descalças. O seu testamentário foi o cronista Antonio Herrera e um dos herdeiros teria sido o seu filho Juan Bautista Antonelli. |
Palavras-chave: | Arquitecto; Engenheiro; Fortificador ; Navarra; Catalunha; Valência; Mazalquivir; Alceo; Melilla; La Laguna; Peñiscola; Alicante; Lisboa; Estreito de Magalhães; Cádis; América; Cabo Verde; Praia; Santa Catarina; Santos; Rio de Janeiro; Laje; Guanabara; S. Vicente; Santos; Barra Grande; Guarujá; Rio de Janeiro; Brasil; Caraíbas; Cartagena; Tierra Firme; Cuba; Portobelo; Havana; Panamá; Chagre; Puerto de los Caballos; Peru; Santo Domingo; Florida; Cartagena; Nombre de Dios; Chorrera; México; Tierra Firme; Venados ; Girolamo Antonelli; Lucrezia Scuire; Vespasiano Gonzaga Colonna; Fortes; Don Alvaro Flores de Valdés; Baluartes; Concepción; Juan de Tejeda; Alvaro Flores de Quiñones; Tibúrcio Spanocchi; América Castelhana; Cristóbal de Roda; Antonio Herrera; Juan Bautista Antonelli |
Bibliografia | |
Estudos: | Diego Angulo Iñiguez, Bautista Antonelli: las fortificaciones americanas del siglo XVI, Madrid, Hauser y Monet, 1942. Gaspare de Caro, “Antonelli, Battista”, Dizionario Biografico degli italiani, vol. 3, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1961, pp. 483-484. Rafael Moreira, “Os primeiros engenheiros-mores do Império Filipino”, Portugal e Espanha entre a Europa e Além-Mar. Actas do IV Simpósio Luso-Espanhol de História de Arte. Coordenação de Pedro Dias, Coimbra, Instituto de História da Arte – Universidade de Coimbra, 1988, p. 531. Idem, “O engenheiro-mór e a circulação das formas no Império Português”, Portugal e Flandres. Visões da Europa (1550-1680), Lisboa, Instituto Português do Património Cultural, 1992, p. 103 |