Projectos

Nome:ANTONELLI, João Baptista
Outros nomes:ANTONELLI, Giovanni Battista / ANTONELLI, Juan Bautista
Nascimento e morte:Ascoli (?), primeiras décadas do séc. XVI – Toledo, 27/3/1588
Descrição:Engenheiro e arquitecto militar, João Baptista era filho do arquitecto Girolamo Antonelli e de Lucrezia Scuire e irmão do engenheiro homónimo responsável pelo plano de fortificações da América Castelhana. Provavelmente, Antonelli iniciou a sua carreira ao lado do pai.
Em 1529, encontrava-se já a trabalhar no continente americano, projectando a abertura de um canal na Nicarágua que permitisse a comunicação do mar das Antilhas com o Pacífico.
O seu trabalho nas Índias Castelhanas teria prosseguido nos anos seguintes. Afinal, em 1542, encontrava-se em Guatemala, encarregue da reconstrução da cidade de Santiago dos Cavaleiros, a qual fora arrasada por um terramoto no ano anterior. Nas Honduras, efectuou várias obras de fortificação, entre as quais, a finalização da construção do castelo de Umoa.
Em 1557, João Baptista estava de regresso à Europa. Alguma bibliografia tem atribuído a este arquitecto o primeiro plano de fortificação da Corunha encomendado por Filipe II. Um documento de 1553 citava Antonelli como autor deste. Porém, Soraluce Blond alerta para o facto de, nessa data, o arquitecto ainda se encontrar nas Índias Castelhanas. Assim, tal apenas seria possível caso existisse um erro na datação do documento e, ao invés de 1553, fosse 1563.
Nesse regresso ao velho continente, Antonelli foi à Flandres, integrando o séquito de Manuel Felisberto de Sabóia. Participou no cerco a San Quintino.
Entre 1559 e 1562, Antonelli era responsável pelo trabalho de fortificação de Nova Castela, Murcia e Valência. Na sequência deste trabalho, apresentou um novo plano para a fortificação do litoral mediterrânico. Em simultâneo, Antonelli trabalhava na execução de um projecto de reforço dos presídios espanhóis no Norte de África. Em 1565, erigia a fortaleza de Mazalquivir. Nestes trabalhos, ele contou com a colaboração do sobrinho Cristoforo, filho da sua irmã Caterina, o qual, posteriormente, continuaria a participar em outras obras do tio.
Enquanto esteve em Valência, Antonelli entrou em contacto com o vice-rei, Vespasiano Gonzaga Colonna, com o qual escreveu um Memorial y aperecibimiento para el reino de Valencia. Quando, em 1574, Filipe II enviou Vespasiano para fortificar a praça de Oran, João Baptista e o irmão Baptista Antonelli acompanharam-no como seus assistentes.
Em 1579, Antonelli encontrava-se na Galiza, onde averiguou as necessidades da defesa da costa norte espanhola. A 13 de Agosto daquele ano, Filipe II havia-lhe ordenado que acompanhasse o capitão Baltasar Francisco para reconhecer as fortalezas, castelos e lugares da fronteira com Portugal desde a vila de Bayona até Ayamonte. No ano seguinte, Antonelli continuou a colaborar na preparação da invasão de Portugal, sendo encarregue de executar as obras necessárias à transferência do exército de D. João da Áustria.
Enquanto o seu irmão partiu para a América Castelhana, destinado a construir os dois fortes que João Baptista projectara para a defesa do Estreito de Magalhães, o engenheiro passou os anos de 1581 a 1582 a desenvolver um projecto para o melhoramento da comunicação fluvial entre Lisboa e Madrid. O resultado deste projecto aparece sintetizado na Relación verdadera de la navegación de los rios de España que, em 1582, apresentou a Filipe II. Sujeito ao exame dos arquitectos Gianello Turriano e Giovanni de Herrera e dos ministros Juan Delgado e Antonio Eraso, este projecto foi aprovado em Junho de 1583.
Assim, Antonelli deu início aos trabalhos no Tejo, Douro, Ebro e Guadalquivir. Estaria ainda a trabalhar na finalização destas obras quando faleceu em Toledo.
Bibliografia
Estudos:Diego Angulo Iñiguez, Bautista Antonelli: las fortificaciones americanas del siglo XVI, Madrid, Hauser y Monet, 1942, passim.
Gaspar De Caro, “Antonelli, Giovanni Battista”, Dizionario Biografico degli italiani, vol. 3, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1961, pp. 495-496.
Jose Ramon Soraluce Blond, Castillos y fortificaciones de Galicia. La arquitectura militar de los siglos XVI-XVIII, Corunha, Fundazión Pedro Barrié de la Maza, 1985, pp. 33, 159, 183.