Projectos

Nome:BOCOLLI, Cristóvão
Outros nomes:BOCOLLO, Cristóvão / CREMONÊS, Cristóvão
Nascimento e morte:n. Cremona, séc. XV
Descrição:É provável que Cristóvão integrasse a família Bocoli que se destacou, sobretudo, na área da engenharia militar, operando em vários edifícios da cidade de Cremona.
Bocolli estabeleceu-se na ilha da Madeira em inícios de Quinhentos, representando alguns dos mais importantes mercadores de origem italiana então estantes em Portugal, como eram os casos de João Francisco Affaitati ou de Benedetto Morelli.
São conhecidos vários documentos relativos a negócios efectuados por Cristóvão Bocolli em nome de Affaitati. Em 1508, recebeu 4 667 arrobas e 27 arráteis de açúcar de Antão Álvares, almoxarife de Machico. A 17 de Maio daquele ano, Affaitati passava-lhe uma procuração para receber, em seu nome, 11 470 arrobas de açúcar e 1 700 mil réis de dois desembargos régios. No final de 1508, Bocolli declarava ter recebido de açúcar, em nome do mercador cremonês: 1 039 arrobas e 11 arráteis de Salvador Gramaxo, 3 667 arrobas e 27 arráteis de Antão Álvares, almoxarife de Machico, e 2 149 arrobas e 15 arráteis de Fernão Gil, recebedor do almoxarifado dos quartos. A 5 de Março de 1509, Francisco Álvares, juíz e recebedor da alfândega do Funchal mandava lhe entregar todo o açúcar restante do ano de 1507. Ainda nesse mesmo ano, a 11 de Dezembro, Cristóvão declarava ter recebido 4 mil arrobas de açúcar de Fernão Gil, recebedor do almoxarifado da Alfândega do Funchal. Segundo um conhecimento desse ano, Bocolli tinha a receber de diversos almoxarifes e recebedores da ilha da Madeira, um total de 7931 arrobas e 13 arráteis de açúcar. Em 1511, o provedor da fazenda da ilha da Madeira, Francisco Álvares, passou alguns mandados para lhe serem entregues 259 arrobas e 24 arráteis de açúcar da parte de João Freitas, recebedor do almoxarifado de Machico, e 104 arrobas de João Baptista, almoxarife da alfândega e quartos dos açúcares de Machico.
Bocolli foi também procurador de alguns mercadores portugueses. Em 1508, recebeu de Fernão Gil, duas mil arrobas de açúcar que o rei mandara pagar a Álvaro Pimentel. No mesmo ano, Salvador Gramacho remeteu-lhe 143 arrobas e 14 arráteis destinados a Rui Freire. Junto com Gabriel Affaitati, em 1509, foram-lhe entregues 3930 arrobas de açúcar em nome de Garcia Pimentel.
Entre 1509 e 1510, Bocolli participou no arrendamento dos quartos reais da Madeira, nomeadamente dos ramos da Calheta, Funchal e Machico.
O seu nome aparece entre os mercadores que contrataram com a Casa da Índia em 1518 e 1522. Entre 1521 e 1525, entregou 3656 marcos em prata na Casa da Moeda.
Encontrava-se, então, em Lisboa. A 30 de Novembro de 1520, D. Manuel concedia-lhe uma licença para andar de mula. Sabe-se também que, desde 1524, possuía casas aforadas na rua de Mataporcos. No final desse ano, a 22 de Dezembro, Bocolli recebia uma carta de naturalização.

Bibliografia
Estudos:Alfredo Puerari, “Bocoli”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 11, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1969, pp. 101-103
Fernando Jasmins Pereira, “Estrangeiros na Madeira entre 1500 e 1537”, Estudos sobre a História da Madeira, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico / Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Emigração, 1991, pp. 379-380.
Nunziatella Alessandrini, Na comunidade italiana os florentinos em Lisboa e a Igreja do Loreto (Subsídios para o seus estudo no século XVI). Dissertação de mestrado em Estudos Portugueses Interdisciplinares, 1º vol., Lisboa, 20002, p. 75.
Pierluigi Bragaglia, Os italianos nos Açores e na Madeira, das origens da colonização a 1583 (conquista espanhola da Terceira). Tese de Laurea em História Moderna na Universidade dos Estudos de Bologna – Faculdade de Ciências Políticas, Bolonha, 1992, exemplar policopiado, p. 425.
Virgínia Rau, “Os mercadores-banqueiros estrangeiros em Portugal no tempo de D. João III (1521-1557)”, Estudos sobre a História Económica e Social do Antigo Regime, Lisboa, Presença, 1984, pp. 74, 79.

Fontes:ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 35, fl. 129v.
Idem, Corpo Cronológico, parte I, maço 8, n.º 93.