Projectos
Nome: | BONO, Giuseppe |
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Nascimento e morte: | n. Sicília, século XVI |
Descrição: | Fidalgo siciliano, naturalizado espanhol, Bono colocou-se ao serviço de Cosme de Médicis em finais da década de 60 do século XVI. Alguma documentação de 1569 testemunha a recepção de Giuseppe na corte florentina. A 8 de Março de 1569, Tomás de Médicis dava ordens para se mobilar dois quartos destinados a alojá-lo. Bono esteve ao serviço do grão-duque florentino como engenheiro militar. Numa carta de 7 de Fevereiro de 1572, Cosme ordenava-lhe que mostrasse a Pompeo Colonna os seus projectos de máquinas de guerra. Porém, as funções de Giuseppe não se limitavam à criação de maquinaria militar. Numa carta de 5 de Maio de 1572, o grão-duque autorizava o pagamento a Bono e a Bernardo Baroncelli pelo embarque, em Roma, de várias antiguidades. Ainda nesse ano, passou para Nápoles, onde serviu D. João da Áustria, duque de Lepanto. Foi o próprio Cosme de Médicis quem o enviou em Maio de 1572, junto com doze peças de artilharia engendradas por ele. Bono destinava-se a auxiliar o duque no conflito com a Turquia. Em dois documentos de Julho de 1573, era descrito um balestrone, possivelmente uma catapulta grande, desenhada por Bono. Num desses documentos, o engenheiro exprimia a sua vontade em regressar à Toscana. Giuseppe Bono chegou a Lisboa em 1580 para testar no Tejo um sino de mergulho concebido por si em 1570. Este era feito em madeira, tinha um metro de diâmetro, 1,2 m de altura e cerca de uma tonelada de peso. Destinava-se à recuperação de cargas preciosas afundadas. Durante o teste no Tejo, em 15 minutos, dois homens conseguiram retirar algumas âncoras no fundo do rio. Dado o sucesso demonstrado na experiência do seu engenho, Bono pediu ao rei o privilégio para usar o sino na Índia, na pesca de pérolas e coral, dando à coroa a décima parte do que conseguisse capturar. Alegava que tinha experiência na pesca do coral desde o tempo em que esteve ao serviço de Cosme de Médicis. Alguns documentos do fundo Médicis testemunham essa experiência de Bono. A 6 de Outubro de 1571, numa autorização passada pelo grão-duque para o pagamento dos exploradores do coral, o seu nome era mencionado. Um documento, datado de 15 de Dezembro de 1571, refere a decisão de Cosme em aceitar 10 % do coral extraído. Filipe II acabaria por conceder a Bono, segundo um privilégio real de Fevereiro de 1582, a licença para o uso exclusivo do sino dos mares da Europa, mas não na Índia, como o fidalgo siciliano ambicionava. Não satisfeito, Bono continuou as suas experiências no Tejo. Em 1583, experimentou um novo sino de mergulho, agora em metal. Renovou, então, o pedido ao rei. Porém, Filipe II ainda não se tinha convencido em lhe atribuir o privilégio do uso do engenho nos mares da Índia. Em 1586, Bono deslocou-se a Sevilha, onde se colocou ao serviço do duque de Medina Sidonia. Enquanto Francis Drake atacava o porto de Cádis, Bono, com o seu sino, explorava o fundo do rio Guadalquivir, à espera do privilégio desejado. |
Bibliografia | |
Estudos: | Alessandro Dell’Aira, “Un pioniere dell’arte subacquea: maestro Giuseppe Bono da Palermo”, in http://freeweb.dnet.it/dell/ars14/bono02.htm</em> João Pedro Vaz, “A «Pesca de Naufrágios»”, Al-madam, II série, n.º 12, Dezembro 2003, p. 30. João Pedro Vaz, Pesca de Naufrágios: as recuperações marítimas e subaquáticas na época da Expansão, Lisboa, Tribuna da História, 2006. |
Fontes: | Arquivo Medici, vol. 238, fls. 25 e 50; vol. 221, fl. 111, in http://documents.medici.org |