Projectos

Nome:BRINDES, Lourenço de
Outros nomes:BRINDISI, Lourenço de
Nascimento e morte:Brindisi, 22/7/1559 - Lisboa, 22/7/1619
Descrição:Filho de Guilherme Rossi e Isabel Marcella, foi ainda muito jovem que Lourenço de Brindisi abandonou a sua terra natal para seguir para Veneza, onde foi acolhido pelo sacerdote seu tio D. Pedro Rossi.
A 18 de Fevereiro de 1575, entrava para a ordem dos capuchinhos e trocava o seu nome de baptismo, Júlio César, por Lourenço. Além de Teologia e Filosofia, dedicou-se também ao estudo de várias línguas, entre as quais o francês, espanhol, alemão, grego e hebraico, o que acabou por ser determinante para a sua futura carreira diplomática.
Acabados estudos, Lourenço foi escolhido para leccionar Teologia em Veneza. Destacou-se também como pregador. As suas prédicas foram iniciadas na igreja de S. João-o-Novo, em Veneza, acabando por pregar por muitas mais igrejas de várias cidades italianas como Vicenza, Pádua, Ferrara ou Nápoles.
Depois de ter exercido o cargo de superior do convento da Zuecca, foi eleito provincial da Toscana, em 1590, e depois, de Veneza. Foi também visitador da província da Sicília.
Perante o apelo do arcebispo de Praga e do imperador Rudolfo II para o envio de alguns missionários capuchinhos, Lourenço foi destacado para seguir para a Alemanha, em 1598, com o cargo de comissário geral. Esta sua missão seria interrompida em 1602, com a sua nomeação para geral da ordem dos Capuchinhos. Entre esse ano e 1605, Lourenço percorreu vários conventos de Itália, França, Suíça e Espanha. No final do seu generalato, regressou à Alemanha. Nos anos seguintes, iria percorrer a Europa com funções diplomáticas.
Em Maio de 1618, Lourenço foi eleito definidor dos capuchinhos, ou seja, um dos quatro assistentes do geral da ordem. Depois dessa eleição, dirigiu-se à sua terra natal para visitar um mosteiro de capuchinhos. Porém, devido a uma crise de gota, acabou por ficar em Nápoles. Os vereadores da cidade, ao saberem da sua presença na cidade, pediram-lhe que aceitasse a missão de seguir para a corte de Filipe III para ali tratar de alguns assuntos relativos ao governo de Nápoles, nomeadamente, relativos aos abusos cometidos pelo duque de Osuna.
Depois de ter recebido uma licença do cardeal Peretti, protector dos capuchinhos, Lourenço partiu de Roma, a 3 de Outubro, tendo seguido para Génova, onde embarcou rumo à Península Ibérica. Partiu acompanhado por outros dois capuchinhos, o padre Frei Jerónimo de Casalnuovo, da província de Nápoles, e o irmão leigo Frei João Maria de Monforte, de Veneza.
A 9 de Maio, os capuchinhos chegaram a Madrid, onde ficaram a saber que Filipe III tinha partido de visita a Portugal. Seguiram, então, de encontro ao monarca espanhol. Lourenço de Brindes alcançou-o em Almada, quando ele se encontrava à espera do final dos preparativos destinados à sua recepção festiva em Lisboa. D. Pedro de Toledo, marquês de Villafranca, príncipe de Montálban e conde de Peñaramiro, que já conhecia e nutria grande amizade por Lourenço de Brindes, tomou-o sob a sua protecção e hospedou-o na sua casa.
Quando, a 5 de Junho, Filipe III se transferiu para o mosteiro dos Jerónimos, Lourenço e os outros capuchinhos acompanham-no. A 29 de Junho, o monarca entrava solenemente na cidade, alojando-se no Paço da Ribeira.
Lourenço instalou-se, com os seus companheiros, na casa de D. Pedro de Toledo em Lisboa, na rua de Cataquefarás, perto da igreja de S. Paulo, onde recebeu toda reverência e devoção que se prestava a um santo.
Foi ali que faleceu vítima de uma grave desinteria. Correu o boato de que Lourenço teria sido vítima de envenenamento, sob ordens do duque de Osuna. Devido a tal suspeita, o marquês de Villafranca mandou fazer uma autópsia do cadáver mas não se encontrou qualquer vestígio de veneno.
Antes de morrer, Lourenço chamou D. Pedro de Toledo e entregou-lhe uma carta dirigida a Filipe III onde se queixava de não ter sido dada particular atenção ao caso de Nápoles. Conta-se que o rei nunca teria chegado a abrir aquela carta.
Os frades Jerónimo de Casalnuovo e João Maria de Monforte levaram consigo, para Itália, o coração de Lourenço, que acabou por ser repartido por três relíquias destinadas à província dos capuchinhos de Veneza, ao mosteiro de Brindes e ao duque Maximiliano da Baviera. O corpo foi levado, por ordem de D. Pedro de Toledo, para o mosteiro de Clarissas de Villafranca del Bierzo, onde vivia uma sua filha, soror Maria da Trindade. Um cortejo fúnebre seguiu para norte, saindo de Portugal por Trás-os-Montes.
No processo para a sua beatificação são narrados vários acontecimentos miraculosos, nomeadamente que, antes de morrer, Lourenço teria previsto a morte de Filipe III e do papa Paulo V para dali a dois anos. A 1 de Junho de 1783, Lourenço de Brindes era beatificado.
Foram produzidas várias hagiografias sobre este beato. Em Portugal, em 1752, o capuchinho Mariano de Piano editou um Compendiosa narraçam da vida do veneravel padre Fr. Lourenço de Brindise.... Em 1789, foi editada em Lisboa uma tradução de uma vida escrita por Frei Pedro de Veneza, Resumo da vida e morte admiravel do beato Fr. Lourenço de Brindisi.
Bibliografia
Estudos:Francisco Leite de Faria, Lisboa e S. Lourenço de Brindes. Separata de Olissipo, Lisboa, 1956.
Idem, A morte de S. Lourenço de Brindes e as homenagens que Lisboa lhe prestou. Separata de Collectanea Franciscana, Roma, 1959.
Idem, Tentativas frustradas para uma casa de capuchinhos italianos em Lisboa. Separata de Miscellanea Melchor de Pobladura, Roma, 1964, p. 248.
Pedro de Veneza, Resumo da vida e morte admiravel do Beato Fr. Lourenço de Brindisi..., Lisboa, Regis Officina Typografica, 1789.