Projectos

Nome:CAPPELANI, Capellan de
Nascimento e morte:Séc. XV-XVI
Descrição:A origem de Capellan de Capellani é algo obscura. Peragallo considera a hipótese de Capellani ser uma contracção de Catalano e do biografado tratar-se de um italiano estabelecido em Espanha. Afinal, em 1478, Colombo comprava a um Erogio Catalano uma partida de 200 arrobas de açúcar ao preço de 460 réis a arroba. Peragallo considera que este Erogio Catalano seria, possivelmente, Capellan de Cappelani. Para corroborar esta hipótese, o autor refere uma passagem das Saudades da Terra de Gaspar Frutuoso em que é mencionado um genovês, grande proprietário de canaviais, denominado de “Castigliano” por falar essa língua. Peragallo coloca, assim, a hipótese de Capellani, Catalano e João Rodrigues Castelhano serem um só indivíduo. Porém, outros autores, como Pierluigi Bragaglia, consideram essa hipótese pouco plausível.
Segundo a conjectura de Peragallo, Cappelani encontrava-se estabelecido na Madeira e a dedicar-se ao comércio do açúcar já no último quartel do século XV. Porém, os dados que obtivemos apenas testemunham a sua presença na ilha a partir de 1509.
O Funchal era a base das suas operações, das quais se tem notícias até ao ano de 1531. Em 1517, comprou 28 arrobas de açúcar branco a Guiomar Ferreira, na Ribeira Brava. Sete anos depois, a 8 de Janeiro de 1524, exportava para Livorno uma carga constituída por: 438 arrobas e 21 arráteis de açúcar branco, 430 arrobas de açúcar meles, 176,5 arrobas de escumas de açúcar e 11 arrobas de rescumas. Em 1526, na Ponta do Sol, adquiriu a Gomes Eanes 185 arrobas de açúcar branco, 120 arrobas de meles e 28 arrobas de açúcar mascavado. No ano seguinte, João Francisco Affaitati assinava um contrato em que se comprometia a comprar todo o açúcar e melaços que Capellani produzira ao preço de 600 réis a arroba, sendo o valor mais baixo no caso dos melaços e do açúcar mascavado. Relativamente ao ano de 1530, existe uma lista das compras de açúcares efectuadas por Capellani no Funchal: 30 arrobas de açúcar branco a Rui Dias de Aguiar, 24 arrobas a Pero de Canha, 20 arrobas à viúva de Rui Colaço e 9 arrobas a Fernão Favila; 50 arrobas de meles a Simão Acciaiuoli, 48 arrobas às freiras de Santa Clara, 20 arrobas a Simão de Arja, 20 arrobas a Fernão Favilla e 6 arrobas a Rui Dias de Aguiar; 16 arrobas de escumas a Pero de Canha.
Capellan de Capellani foi representante de outros mercadores na Madeira. Em 1529, era procurador de Affaitati. Junto com João Gonçalves, a 12 de Março de 1530, passava um conhecimento em como, em nome de Affaitati, recebera do almoxarife da capitania de Machico, 3 658 arrobas de açúcar, em cumprimento do contrato feito com os vedores da fazenda para a venda do açúcar dos direitos. Dois anos depois, Capellani cobrava 93 mil reais de tenças como representante de Pedro Afonso de Aguiar.
Bibliografia
Estudos:Fernando Jasmins Pereira, “Estrangeiros na Madeira entre 1500 e 1537”, Estudos sobre a História da Madeira, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico / Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Emigração, 1991, pp. 385-387.
Pierluigi Bragaglia, Os italianos nos Açores e na Madeira, das origens da colonização a 1583 (conquista espanhola da Terceira). Tese de Laurea em História Moderna na Universidade dos Estudos de Bologna – Faculdade de Ciências Políticas, Bolonha, 1992, exemplar policopiado, p. 430.
Prospero Peragallo, Cenni intorno alla colonia italiana in Portogallo nei secoli XIV, XV e XVI, Genova, Stabilimento Tipografico Ved. Papini e Figli, 1907, pp. 46-47.
Virgínia Rau, Um Grande Mercador-Banqueiro Italiano em Portugal: Lucas Giraldi. Separata de Estudos italianos em Portugal, 1965, p. 4.

Fontes:ANTT, Corpo Cronológico, parte II, maço 162, n.º 20.
Fernando Jasmins Pereira e José Pereira da Costa (prefácio, leitura e notas), Livros de Contas da Ilha da Madeira 1504-1537, vol. I, Coimbra, Biblioteca Geral da Universidade, 1985, pp. 165, 173.
Idem, Ibidem, vol. II, Coimbra, Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Emigração / Centro de Estudos de História do Atlântico, 1989, pp. 44-45, 60, passim.