Projectos

Nome:CASTRACANI, Alexandre
Outros nomes:CASTRACANI, Alessandro
Nascimento e morte:Fano, 1583 – Fano, 9/12/1649
Descrição:Oriundo de uma família nobre, Alexandre era filho de Vincenzo Castracani e de Cornelia Palazzi.
Em Outubro de 1628, foi consagrado bispo de Nicastro e nomeado núncio em Turim. Porém, a falência dessa sua missão levou a que fosse afastado e escolhido para colector apostólico em Portugal.
Em Dezembro de 1634, Castracani embarcou em Génova rumo à Península Ibérica. Chegou a Lisboa em Março de 1635, após uma breve estadaa em Madrid.
No Outono desse ano, o cardeal Francesco Barberini endereçou-lhe as instruções para aquela missão. Nestas, Castracani era alertado para a necessidade de zelar pela jurisdição e imunidade eclesiásticas, afinal, o governo português começara a reclamar para si as capelas da Igreja.
De facto, este foi um problema que ocupou toda a missão de Castracani em Portugal e que condicionou a forma como esta se desenrolou. Perante a crescente pressão dos ministros, na Primavera de 1636, o colector ameaçou recorrer directamente ao rei. Aconselhado a moderar os seus ânimos, Castracani suspendeu a questão. Porém, após uma congregação extraordinária de cardeais convocada em Roma onde foi discutido o problema das capelas portuguesas, o colector voltou a pressionar o estado, visando recuperar os benefícios para a Igreja. A 5 de Fevereiro de 1639, os ministros ordenaram-lhe que se retirasse de Lisboa num prazo de três dias. Em retaliação, o colector decretou a excomunhão e a interdição a todas as igrejas de Lisboa. Perante tal situação, Urbano VIII escreveu a D. Filipe III a pedir-lhe que retractasse Miguel de Vasconcelos, ao que o monarca não anuiu, justificando que a crise gerada em Lisboa era apenas fruto do carácter belicoso do colector. Sem o apoio do episcopado português, Castracani viu-se isolado na sua luta e acabou por ver o palácio da colectoria ser ocupado pelos homens de Vasconcelos. O colector foi preso e expulso do reino.
Porém, o papa continuou a apoiar a sua posição. A 22 de Outubro de 1639, emitia o breve Quae lusitanus, no qual louvava o modo como o colector defendeu a imunidade eclesiástica. Alguns dias depois, no último do dia mês, num outro breve, Urbano VIII condenava as violências praticadas contra Castracani e pedia ao rei que criasse as condições para o colector regressar ao reino. A 22 de Dezembro, o papa autorizava-o a aplicar as penas que achasse necessárias para a sua defesa, mesmo estando fora de Portugal.
Castracani considerou a crise de 1640 como uma vitória, uma punição aos ministros de Filipe III que o haviam destratado e expulso do reino. Tal posição foi interpretada pela coroa espanhola como um apoio aos revoltosos portugueses e tornou mais tensas as relações entre o núncio e o governo de Madrid.
Em Fevereiro de 1641, Castracani recebeu ordens para regressar a Itália.
Bibliografia
Estudos:Eduardo Brazão, A Diplomacia Portuguesa nos Séculos XVII e XVIII, 2 vols., Lisboa, Editorial Resistência, imp. 1979, p. 233.
Luciano Osbat, “Castracani, Alessandro”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 22, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1979, pp. 194-196.

Fontes:Rezoens de Direito. Offerecidas por parte do Senhor Colleitor Alexandre Castracani Bispo de Nicastro na pretensaõ, que tem de poder inhibir ao Senhor Comissario Geral Antonio de Mendonça, & seus adjuntos, na causa de Domingos Correa..., [s.l.], [s.n.], [s.d.].
Corpo Diplomatico Portuguez contendo os actos e relações politicas e diplomaticas de Portugal com as diversas potencias do mundo desde o seculo XVI até aos nossos dias, tomo XII, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1902, pp. 272-282.