Projectos

Nome:CATTANEO, Lazaro
Outros nomes:CATANEO, Lazaro / Kouo Kiu-tsing Yang-hoang
Nascimento e morte:Sazzana [próximo de Génova], 1560 – Hang-tcheou, 19/1/1640
Descrição:Oriundo de uma família nobre genovesa, Lazaro iniciou-se na vida religiosa em Roma. Entrou para a Companhia de Jesus a 27 de Fevereiro de 1581 e estudou belas-letras, filosofia e teologia.
Em 1585, Cattaneo partiu para Lisboa, onde completou os seus estudos e, dois anos depois, foi ordenado sacerdote. Porém, segundo David Mungello, essa ordenação teria ocorrido quando o jesuíta ainda se encontrava em Itália.
A 1 de Abril de 1588, Cattaneo embarcava para Goa, onde leccionou no colégio de S. Paulo. Passou, depois, para a Costa da Pescaria, onde foi superior da missão.
Em 1595, encontrava-se já em Macau. Em constante périplo entre aquele porto e a a missão de Chao-tcheou, Cattaneo dedicou-se ao estudo da língua e cultura chinesas. A 25 de Maio de 1596, professava os últimos votos em Cantão.
Na companhia de Mateus Ricci, integrou o séquito de Wang Chung-ming na visita a Nan-ch’ang, Nanquim e Pequim. A 7 de Setembro de 1598, os dois jesuítas chegavam a Pequim, onde esperavam vir a fundar uma residência estável para a missão jesuíta. Porém, a invasão da Coreia e outros acontecimentos acabaram por criar um ambiente desfavorável aos estrangeiros. Sem conseguirem obter uma audiência com o imperador, Cattaneo e Ricci foram obrigados a adiar os seus planos. Prosseguiram, então, viagem até Nanquim, onde já se encontravam em Maio de 1599. De Nanquim, Cattaneo viajou até Macau, destinado a informar os superiores da missão sobre a viagem que fizera. Nos anos de 1601 e 1602, regressaria novamente àquele porto. Essas contínuas viagens a Macau lançaram a suspeita de uma tentativa portuguesa de conquista da China liderada pelo jesuíta. As autoridades chinesas de Cantão acabariam por tomar medidas defensivas. Contudo, passado pouco tempo, esse clima de desconfiança já se havia desvanecido. Entretanto, em 1604, Cattaneo esteve de visita à missão de Malaca.
Normalizadas as relações luso-chinesas, Cattaneo pôde regressar à China. Chamado por Hsu Kuang-ch’i, entre Setembro de 1608 e 1610, esteve em Xangai, onde baptizou cerca de 200 chineses e estabeleceu uma congregação. Assim, criou os alicerces para a fundação de uma missão na região.
Em 1611, o novo superior, Nicolau Longobardo, enviou Cattaneo a Hang-tcheou, capital de Tché-kiang, para ali fundar uma residência jesuíta com os padres Nicolas Trigault e Sebastião Fernandes. Depois de ter fundado uma nova missão em Kia-ting, em 1620, Cattaneo regressou a Hang-tcheou, onde passou os últimos anos da sua vida.
São conhecidas duas obras escritas em chinês por Cattaneo: Ling sing i Tchou, (“Tratado para conduzir as almas ao conhecimento de Deus”) e Hoei tsoei yao ki (“Da contrição e da dor dos pecador”). É também autor de um manuscrito em dois volumes, De altera vita, e de uma memória em chinês para justificar as acusações que foram proferidas contra ele perante o mandarim.
A música era outra das aptidões de Lazaro Cattaneo. Chegou a ensinar cravo aos seus colegas jesuítas. Tais conhecimentos musicais foram aproveitados por Mateus Ricci para o aperfeiçoamento do sistema de transcrição dos caracteres chineses para romanos. Cattaneo mostrou a Ricci como as marcas tonais chinesas poderiam ser acrescentadas no seu novo dicionário. Deste trabalho, resultou a obra Vocabularium ordine alphabetico europæo more concinnatum, et per accentus suos digestum.
Bibliografia
Estudos:David Mungello, “Cattaneo (Cataneo), Lazzaro”, Diccionario Historico de la Compañia de Jesus, vol. I, Madird, Universidad Pontificia Comillas, 2001, p. 721.
Giuliano Bertuccioli, “Cattaneo, Lazzaro”, Dizionario Biografico degli Italiani, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1995, pp. 474-476.
Joseph Dehergne, Répertoire des jésuites de Chine de 1552 à 1800, Roma, Institutum Historicum, 1973, pp. 49-50.
Louis Pfister, Notices biographiques et bibliographiques sur les jésuites de l’ancienne mission de Chine 1552-1773, 2ª edição, tomo I, Nendeln/Liechtenstein, Kraus-Thomson Organization, 1971, pp. 51-56.