Projectos
Nome: | CATANHO, Quirio |
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Outros nomes: | CATTANEO, Chirio / CATTANEO, Ilario |
Nascimento e morte: | m. Madeira?, depois 1525 |
Descrição: | Membro de uma família nobre genovesa, Quirio era irmão de Rafael e Francisco Catanho e filho de Nicolau Catanho. Por volta de 1500, estabeleceu-se em Santa Cruz, em Machico. Em 1504, Quirio era procurador do irmão Francisco, ao receber, de Vasco Fernandes, recebedor do almoxarifado dos quartos da ilha da Madeira, 363 204 réis em açúcar. Nesse mesmo ano, teve a função de arrecadar e encaixotar o açúcar do rei na comarca do Funchal, serviço pelo qual recebeu 382 arrobas de pagamento. Entre 1503 e 1505, foi rendeiro dos direitos da alfândega sobre a exportação de produtos da ilha, em conjunto com Jerónimo Rodrigues. Por um alvará régio de 14 de Maio de 1511, foram-lhe perdoadas 1 334 arrobas de dízimas de açúcar que foram carregadas a mais para o reino. Segundo Quirio, esse desconto pertencia a Fernão Coelho, almoxarife da alfândega em 1505, pelo pagamento de 27 500 arrobas de açúcar em que importava o arrendamento daquele ano. Nos anos seguintes, até 1508, Catanho foi rendeiro dos mesmos direitos de saída, junto com Martim de Almeida, Álvaro Dias e alguns mercadores florentinos. Em 1507, coube-lhe os direitos do Funchal, Câmara de Lobos e Porto Santo, tendo como fiador Jordão Gonçalves. Porém, Quirio sofreu graves prejuízos, sendo-lhe penhorados três quartos de um navio que tinha no Funchal. A 28 de Janeiro de 1512, D. Manuel concedeu-lhe uma carta de privilégio, na qual ele era referido como sendo fidalgo. Como tal, e segundo o mesmo diploma, Quirio devia estar preparado para servir militarmente a coroa. As armas da sua família eram um brasão cortado ao meio, sendo a metade de cima dourada, com uma águia estendida e coroada de negro, e a de cima prateada, com três faixas azuis. De facto, Quirio havia provado a sua ascendência nobre aquando do seu casamento com D. Maria Cabral, descendente de Tristão Vaz Teixeira, um dos primeiros donatários da ilha. Antes de se casar, o irmão Rafael foi a Génova para obter a confirmação do título de nobreza da sua família. Deste enlace nasceu Jerónimo Catanho. Já na década de 20, Quirio começou a se interessar pelo comércio do Oriente. Em 1522, junto com Luis Catanho, devia uma soma de 7 886 reais à Casa da Índia, resultante do trato de especiarias. Existem ainda notícias de Quirio em 1524, quando interveio na Madeira no negócio da cobrança dos direitos. No ano seguinte, ele tornava-se tutor do cunhado, Diogo Teixeira. Ao morrer, Quirio foi substituído nessa função pelo irmão Rafael. |
Bibliografia | |
Estudos: | Afonso Eduardo Martins Zúquete, Armorial Lusitano. Genealogia e Heráldica, Lisboa, Representações Zairol, 1961, p. 154. Fernando Jasmins Pereira, “Estrangeiros na Madeira entre 1500 e 1537”, Estudos sobre a História da Madeira, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico / Secretaria Regional do Turismo, Cultura e Emigração, 1991, p. 391. Morais do Rosário, Genoveses na História de Portugal, Lisboa, [s.n.], 1977, p. 294. Pierluigi Bragaglia, Os italianos nos Açores e na Madeira, das origens da colonização a 1583 (conquista espanhola da Terceira). Tese de Laurea em História Moderna na Universidade dos Estudos de Bologna – Faculdade de Ciências Políticas, Bolonha, 1992, exemplar policopiado, pp. 394-396. Prospero Peragallo, Cenni intorno alla colonia italiana in Portogallo nei secoli XIV, XV e XVI, Genova, Stabilimento Tipografico Ved. Papini e Figli, 1907, pp. 53. |
Fontes: | ANTT, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 7, fl. 14. Idem, Corpo Cronológico, parte I, maço 10, n.º 34. Idem, Ibidem, parte II, maço 48, n.º 19. Fernando Jasmins Pereira e José Pereira da Costa (prefácio, leitura e notas), Livros de Contas da Ilha da Madeira 1504-1537, vol. I, Coimbra, Biblioteca Geral da Universidade, 1985, pp. 29-31, 79-81, 166, passim. |