Projectos
Nome: | ESTE, Carlo Filiberto de |
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Nascimento e morte: | n. 1650 |
Descrição: | Filho de Filippo Francesco di Este, marquês de San Martino e de Lanzo, e de Margarida de Sabóia, Carlo Filiberto era marquês de Dronero, Borgomanero e Porlezza. Enviado a Portugal como embaixador do ducado de Sabóia, Carlo Filiberto chegou com a missão de negociar as condições do casamento entre o duque Victor-Amadeu e a infanta D. Isabel Luísa Josefa. A 21 de Janeiro de 1681, Carlo Filiberto entrava em Lisboa. Seguia com ele uma comitiva composta por doze nobres saboianos e piemonteses e um numeroso séquito de pagens, serventes e guardas, num total de 150 pessoas. Entre os gentis-homens que o acompanharam, encontrava-se o filho do conde Gerolamo Marcello De Gubernatis, o qual o antecedera como embaixador em Portugal. Porém, quando Carlo Filiberto chegou a Lisboa, não encontrou a corte na cidade visto que D. Pedro havia partido para uma caçada em Salvaterra. Além disso, não tinham sido preparados os alojamentos para receber a comitiva. Carlo Filiberto teve de esperar durante dois meses pelo regresso da corte. Tal foi interpretado como uma afronta à embaixada saboiana e, quando os rumores do que acontecera em Lisboa chegaram ao ducado, o partido que se opunha ao casamento entre Victor-Amadeu e a infanta D. Isabel tratou de divulgar a notícia como uma injúria da coroa portuguesa. Apenas a 25 de Março de 1681 é que a embaixada fez a sua entrada pública em Lisboa. Num sumptuoso cortejo, seguiu até ao paço real. Carlo Filiberto apresentou-se à infanta e, em nome do duque, ofertou uma jóia no valor de 66 mil escudos. Na negociação das condições da boda, o embaixador entrou em desacordo com D. Pedro. Este exigiu que se colocasse no contrato uma cláusula determinando a vinda do duque de Sabóia a Portugal para o ratificar e que, caso tal não acontecesse, tudo o que até então tivesse sido acordado ficaria sem efeito, podendo-se prosseguir com a negociação do casamento da infanta com outro pretendente. Carlo Filiberto opôs-se a esta condição imposta pelo regente, a qual exprimia a falta de confiança da coroa portuguesa em Sabóia. Esta controvérsia não impediu que os esponsais fossem assinados. Contudo, o casamento nunca viria a se concretizar. Em Maio do ano seguinte, a embaixada do duque de Cadaval, enviada a Turim, não chegou a um acordo e a aliança foi anulada. A embaixada de Carlo Filiberto de Este esteve em Portugal durante quase dois meses, uma temporada que não foi tranquila nem para o marquês, nem para a sua comitiva. O povo de Lisboa, revoltado com os altos gastos que acarretaria aquele matrimónio, demonstrou o seu descontentamento à embaixada. Logo no início de Março, alguns membros da comitiva do marquês foram agredidos por populares. Mais tarde, nos últimos dias da sua presença na capital portuguesa, Carlo Filiberto foi insultado na rua pelo povo. Considerando que aquelas afrontas atacavam a sua imunidade diplomática, apresentou queixa à corte mas não obteve a atenção que desejava. A 5 de Maio, Carlo Filiberto teve a audiência de despedida e, pouco depois, a embaixada embarcou de regresso a Turim. |
Bibliografia | |
Estudos: | Ana Cristina Duarte Pereira, Princesas e Infantas de Portugal (1640-1736): Estatuto, Honra e Poder. Dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2005, pp. 87-92 Ana Maria Homem Leal de Faria, Duarte Ribeiro de Macedo. Um diplomata moderno 1618-1680, Lisboa, Ministérios dos Negócios Estrangeiros, 2005, pp. 774-776. Carlo Alberto di Gerbaix di Sonnaz, Relazioni fra i reali di Savoia ed i reali di Portogallo. Gli italiani in Lusitania nei secoli scorsi (1146-1849), Turim, Fratelli Bocca Librai di S. M., 1908, pp. 56-60. |