Projectos
Nome: | FENICIO, Jacome |
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Outros nomes: | FENIZIO, Jacobo / FENIZIO, Giacomo |
Nascimento e morte: | Capua, c. 1558 – Porakkad ou Cochim (Índia), 1632 |
Descrição: | Em 1579, Jacome Fenicio entrava para a Companhia de Jesus, na província da Nápoles. Após ter estudado filosofia e teologia, ofereceu-se para seguir em missão para o Oriente. A 8 de Abril de 1583, partia de Lisboa rumo à Índia, integrando a expedição do padre Pedro da Silva. Ao chegar a Goa, foi ordenado sacerdote. Porém, o destino da sua missão era Cochim, para onde seguiu pouco depois. Fenicio tornou-se superior da missão de Porca (Porakkad), nas proximidades de Cochim, e pároco de S. André, cargos que manteve durante os anos de 1594-1604 e 1619. Porém, em 1600, era enviado pelo visitador Nicolau Pimenta a Calecute, à corte do Samorim, onde esteve durante alguns anos. Conhecedor da língua malayālam e com noções na área da astronomia, o jesuíta tinha frequentes disputas com os brâmanes, conseguindo conquistar o interesse das castas mais elevadas e a conversão de alguns dos seus elementos. Fenicio desenvolveu também uma intensa actividade política, tendo um papel fundamental na solidificação das relações amistosas entre o Samorim e os Portugueses, o que conduziu à ordem de expulsão de Calecute dos mercadores holandeses e muçulmanos que faziam concorrência ao comércio português. A 1 de Abril de 1603, Fenicio escrevia ao vice-provincial de Calecute a narrar a viagem que fizera até Nīlgris, na companhia do sobrinho do Samorim, já convertido e fluente na língua canara. Durante o tempo em que esteve no Malabar, o jesuíta empreendeu ainda outras viagens, nas quais visitou os cristãos de Patūr e inspeccionou as igrejas cristãs de Ghats. Fenicio acabaria por visitar toda a costa até Quilon e fundar várias missões. Em 1606, iniciava a missão de Tanor e, no ano seguinte, as de Cananor e Palur. Forçado a abandonar Calecute, instalou-se definitivamente em Porca. Pouco se conhece da obra escrita deixada por Jacome Fenício. Até ao século XX, apenas se tinha notícia de alguma correspondência redigida pelo jesuíta. Porém, em 1922, Jarl Charpentier descobriu um manuscrito anónimo na Sloane Collection do Bristish Museum. Intitulado de Livro da Seita dos Indios Orientais, a sua autoria foi atribuída a Fenicio. Afinal, entre outros indícios, fora-lhe conferida, por alguma bibliografia, a redacção de um livro relativo à religião do Malabar. O Livro das Seitas seria, possivelmente, resultado das acesas discussões que manteve com os brâmanes e foi composto para ajudar os seus companheiros de missão no que respeitava à cosmogonia e cultos hindus. A obra, dividida em oito capítulos, inicia-se com uma parte dedicada à “Criação do Mundo” para depois prosseguir com o tema central, “Da Lei dos Indios”, na qual o autor expõe as características da religião hindu e narra os mitos associados aos seus deuses. O livro culmina com o capítulo “Do culto dos falsos deuses dos Indios Orientais”, onde se encontram as argumentações finais contra tais “idolatrias”. Além das obras indicadas na presente bibliografia, destacamos também a biografia de Fenicio escrita por Daniel Ferroli e publicada em 1947, em Trichinopoly. |
Bibliografia | |
Estudos: | Ángel Santos, “Fenizio, Giacomo”, Diccionario Historico de la Compañia de Jesus, vol. II, Madrid, Universidad Pontificia Comillas, 2001, p. 1392. Jarl Charpentier (introdução e notas), The Livro da Seita dos Indios Orientais, Uppsala, Almquist & Wiksells Boktryckeri, 1933. |