Projectos

Nome:FROMENTO, Alexandre
Outros nomes:FRUMENTI, Alessandro / FROMENTÁRIO, Alexandre
Nascimento e morte:Como, entre 1520 e 1530 – Toledo, Outubro 1580
Descrição:Doutorado em Direito na universidade de Pavia, Alexandre acabou por se estabelecer em Roma, onde residia Francesco Frumenti, seu parente e banqueiro do papa Paulo III.
Em 1550, tornava-se cónego de S. Pietro di Nesso. Após a eleição de Paulo IV, foi nomeado referendário utriusque signaturae. Ocupou, então, uma série de outros cargos de grande relevância como o de tesoureiro secreto do papa.
Com a eleição de Gregório XIII, Fromento entrou num novo período ascensional na sua carreira eclesiástica. Em 1572, era nomeado regente da Penitenzieria e, entre Março de 1572 e Março de 1573, foi vice-gerente do Vicariato. Por essa altura, foi também escolhido como consultor do Santo Ofício. Em 1576, recebia duas das principais dignidades da ordem dos umiliati na diocese de Como: as comendas de S. Maria di Rondineto e de S. Martino di Zezio.
A 12 de Novembro de 1578, Fromento era escolhido por Gregório XIII como núncio em Portugal. Apenas saiu de Roma no início de Janeiro de 1579. O novo núncio levava instruções para, antes de entrar em território português, passar por Madrid e se encontrar com Filipe II, exprimindo o desagrado da Santa Sé perante a trégua com os Turcos. Assim, a 7 de Abril, foi recebido pelo monarca espanhol e exigiu-lhe o rompimento da dita trégua, embora sem sucesso.
Depois de ter passado a Páscoa no mosteiro de Guadalupe, Fromento passou a fronteira a 29 de Abril e, no dia seguinte, foi conduzido por Roberto Fontana, colector apostólico em Portugal, para o mosteiro de S. Bento de Xabregas, onde ficou instalado.
Fromento teve a primeira audiência com o cardeal D. Henrique a 12 de Maio, em que foi recebido com as honras devidas à sua função de núncio. Num segundo encontro, apresentou ao rei o breve papal relativo a renúncia da legacia permanente.
A questão da sucessão ao trono português inquietava a Santa Sé e o núncio representava essa apreensão. A relação entre D. Henrique e Gregório XIII acabaria por ficar mais tensa na sequência do processo de legitimação de D. António. O papa anulou a sentença do cardeal que declarava D. António filho ilegítimo do infante D. Luís. Mais tarde, já após a morte do cardeal, Gregório XIII acabaria por expedir um novo breve, no qual atribuía a resolução daquela causa a Fromento e ao arcebispo de Lisboa, D. Jorge de Almeida. No caso de não existir consenso entre os dois, seria chamado a intervir o bispo de Placênsia, núncio apostólico em Espanha.
Entretanto, Fromento havia mudado a sua residência para Santarém devido à peste que assolava Lisboa. Ora, aquela era a cidade onde o apoio ao partido de D. António se fazia sentir mais intensamente e o próprio núncio mostrava-se favorável à legitimação do sobrinho do cardeal-rei. Por outro lado, o arcebispo de Lisboa inclinava-se para a declaração da bastardia do Prior de Crato, o que acabou por adiar a resolução do processo.
A missão de Fromento em Portugal seria interrompida com a nomeação de um novo núncio, Alexandre Riario. Oficialmente, Fromento fora chamado a Roma para exercer o cargo de coadjutor na Dataria. Porém, na prática, a sua retirada da nunciatura portuguesa surgia na sequência da suspeita levantada por Espanha de que ele apoiava a facção de D. António Prior de Crato, a qual poderia vir a comprometer as relações entre a Santa Sé e Madrid.
No final de Agosto de 1580, Fromento encontrava-se já em Badajoz. Nunca chegou a regressar a Roma, tendo morrido no caminho, em Toledo, vítima de doença.
Bibliografia
Estudos:Luigi Cacciaglia, “Frumenti (Fromento, Frumenti), Alessandro”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 50, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1998, pp. 650-652.
Queiroz Velloso, A Perda da Independência, vol. I – O Reinado do Cardeal D. Henrique, Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1946, pp. 202-203, 229-242, passim.
Idem, O Interregno dos Governadores e o Breve Reinado de D. António, Lisboa, Academia Portuguesa da História, 1953, pp. 13-14, 43-46, 123-124.