Projectos

Nome:GALLI, Rafael
Outros nomes:GALLI, Raffaello
Nascimento e morte:Florença, último quartel séc. XV – Cantão, Outubro de 1517
Descrição:Oriundo de uma família com raízes em Casentino, Rafael era sobrinho de Giovanni Lapucci da Poppi, secretário de Lourenço de Medicis, e de Matteo da Poppi, padre governador em Santa Maria Maggiore.
Antes de se iniciar na actividade mercantil, Rafael teria recebido uma educação religiosa. Porém, foi ainda em Florença que iniciou a sua vida mercantil.
A sua presença em Lisboa remonta ao início do século XVI. Iniciou a sua actividade em Portugal na casa comercial de um negociante seu compatriota. Galli alternaria a presença em Lisboa com estadias em Espanha. Afinal, no início de 1515, quando foi informado do regresso de João de Empoli da Índia, encontrava-se em Valença. Motivado a participar nas próximas expedições portuguesas à Índia, Galli regressou a Lisboa. Esse interesse encontra-se expresso na carta que ele escreveu, a 1 de Abril, ao seu tio Matteo da Poppi.
Poucos dias depois, Galli ingressava na frota de Lopo Soares de Albergaria, destinada à Índia. Junto com ele iam Empoli, André Corsali e Benedito Pucci. Ainda antes de partir, Galli foi testemunha da redacção do testamento de Empoli, a bordo na nau Espera, frente a Belém.
Nos últimos dias de Setembro, a frota entrava em Goa. Galli circulou por Khambhât, Diu e Cochim, a negociar as suas mercadorias, até que, no início de Maio de 1516, partiu para Samatra, tendo como destino último a China. Seguiu com Empoli e Pucci, numa frota liderada por Fernão Peres de Andrade. No porto de Pisai, Galli assistiu ao incêndio da nau em que seguiam as mercadorias de Empoli, o que acabaria por atrasar a partida para a China. Em Setembro, ainda estavam em Samatra. Galli escrevia, então, ao tio Giovanni de Poppi, narrando os preparativos para a viagem e revelando as suas impressões sobre Índia, sobretudo, as suas perspectivas em fazer fortuna por aquelas paragens.
A frota apenas zarparia de Samatra a 17 de Junho de 1517. A 15 de Agosto, encontravam-se já em Tun-men, porto vizinho de Cantão, onde estava a frota de Duarte Coelho que ali chegara havia um mês.
No final de Setembro, Galli e os seus companheiros de viagem entravam em Cantão. O florentino teria acompanhado Empoli na embaixada às autoridades locais, encontro que resultou no acordo para a preparação de uma relação a ser enviada a Pequim, ao imperador.
Em Outubro de 1517, uma epidemia alastrou entre a tripulação da frota. Infectado, Galli acabaria por falecer.
Bibliografia
Estudos:António Alberto Banha de Andrade, Mundos Novos do Mundo. Panorama da difusão, pela Europa, de notícias dos Descobrimentos Geográficos Portugueses, 2º vol., Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1972, p. 764, 768-772.
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Hermann Kellenbenz, “The Portuguese Discoveries and the Italian and German Initiatives in the Indian Trade in the first two Decades on the 16th Century”, Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua Época. Actas, vol. III, Porto, Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, 1989, p. 612.
Marco Spallanzani, “Raffaello Galli a Sumatra (1516)”, Mercanti Fiorentini nell’Asia Portoghese (1500-1525), Firenze, Studio per Edizioni Scelte, 1997, pp. 129-145.
Prospero Peragallo, Cenni intorno alla colonia italiana in Portogallo nei secoli XIV, XV e XVI, Genova, Stabilimento Tipografico Ved. Papini e Figli, 1907, p. 77.