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Biografias

Moses Lopez

Nome:Moses Lopez
Outros nomes:José Lopes
Nascimento e morte:Vila de Frades, 1706 – Newport, 6/4/1767
Descrição:Filho de Diogo José Ramos e Margarida Rosa, José nasceu na Vila de Frades, no Alentejo, onde foi baptizado a 9 de Setembro de 1706. Aquando da prisão dos pais pela Inquisição, José Lopes era ainda bastante jovem mas nem isso o livrou da denúncia, inclusivamente vinda da voz do próprio pai. Tal teria pesado na sua decisão de abandonar Portugal em 1723. O seu primeiro destino foi Londres. A 10 de Dezembro de 1723, era circuncidado e adoptava o nome judaico Moses. Em 1727, chegou a Nova Iorque, tornando-se no primeiro elemento da família a estabelecer-se na colónia norte-americana.
Já na América, casou-se com a prima Rebecca, filha do tio materno Abraham Rodriguez Rivera. Ele e o sogro acabariam por receber a naturalização na colónia em 1740.
Na segunda metade dos anos 40, Moses Lopez mudou-se para Newport. Foi nesta cidade que ele alargou o espectro dos seus negócios. Na sequência das diligências tomadas pelo Parlamento inglês em prol do desenvolvimento da manufactura de potassa na colónia, Moses desenvolveu um método próprio para melhorar a sua produção, o qual recebeu uma patente da Assembleia de Rhode Island. O comércio de melaço e rum e a manufactura de espermacete foram outros dois ramos de negócio assumidos por Moses Lopez. Em ambos, contou com a parceria com o irmão Aaron, a residir em Newport desde 1752. O melaço era adquirido nas Índias Ocidentais e transportado até Newport, onde era transformado em rum, o qual seguia para África para ser trocado por escravos. Além deste comércio triangular, os dois irmãos também operavam com sucesso na emergente manufactura de espermacete, introduzida em Newport na segunda metade do década de 40 pelos judeus portugueses que, tal como Moses, se estabeleceram na colónia. Estes deram um contributo decisivo para que Newport, até à Revolução, fosse um dos mais importantes portos da América colonial, a rivalizar com Nova Iorque. Em 1760, existiam em Newport 17 fábricas, 22 destilarias, 4 refinarias de açúcar, 5 rope-walks, além de várias fábricas de mobiliário.
A ascendência alcançada por Moses Lopez em Newport e o seu contributo para o desenvolvimento da colónia extravasou o âmbito comercial. Em 1750, ele foi agraciado com uma extraordinária isenção de impostos pessoais, em reconhecimento pelos serviços prestados ao governo enquanto tradutor de cartas de castelhano para inglês. Três anos antes, pouco tempo depois de se ter estabelecido em Newport, Moses e o cunhado Jacob Rodriguez Rivera haviam sido dois dos 46 proprietários que contribuíram para a fundação da Redwood Library, cujo edifício, obra de Peter Harrison, o mesmo arquitecto responsável pelo plano da sinagoga de Newport, abriu ao público em 1750.

Bibliografia
Estudos:George Champlin Mason, Reminiscences of Newport, Newport, Charles E. Hammett Jr, 1884.
Max Kohler, “The Jews in Newport”, Publications of the American Jewish Historical Society, n.º 6, 1897, pp. 61-80.
Malcolm H. Stern, First American Jewish Families: 600 Genealogies, Baltimore, Ottenheimer Publishers, 1991, pp. 175-176.
Rui Miguel Faísca Rodrigues Pereira, “The Iberian Ancestry of Aaron Lopez and Jacob Rodriguez Rivera of Newport”, Rhode Island Jewish Historical Notes, vol. 14, n.º 4, 2006, pp. 559-580.
Michael Hoberman, New Israel / New England. Jews and Puritans in Early America, Amherst, University of Massachusetts Press, 2011.


Fontes:Lisboa, Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, processo n.º 1647.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Évora, processo n.º 6367.
Arquivo Distrital de Beja, Paróquia de Vila de Frades, Baptismos (1693-1710), fol. 124v.
R. D. Barnett (ed.), The Circumcision Register of Isaac and Abraham de Paiba (1715-1775), London, The Spanish and Portuguese Jews' Congregation, The Jewish Historical Society of England, 1991, p. 52.

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