Projectos

Nome:BENCI, Jorge
Nascimento e morte:Rimini, c. 1650 – Lisboa, 10/7/1708
Descrição:A 17 de Outubro de 1665, Jorge Benci ingressou na Companhia de Jesus, em Bolonha. Alguns anos mais tarde, pedia licença para partir em missão para o Brasil. No ano de 1681, embarcava de Lisboa rumo a terras brasileiras, numa expedição também integrada pelos padres António Vieira e João António Andreoni.
Em 1683, Benci professava solenemente os seus últimos votos no Rio de Janeiro. Ali, ensinou humanidades e teologia e foi secretário do provincial e visitador local. Foi depois para a Bahia, onde desempenhou funções como procurador do colégio.
Não era intenção de Benci permanecer durante muito tempo no Brasil. Em 1700, pedia para seguir para S. Tomé ou, caso não fosse possível, voltar a Veneza. Contudo, foi no Brasil que permaneceu até finais de 1705, quando regressou a Lisboa, encarregue de tratar de assuntos relativos àquele território. Poucos anos depois, acabaria por falecer nesta cidade.
Benci era um notável pregador. Em 1698, pronunciou, na Sé da Bahia, um sermão que, no ano seguinte, seria publicado pela oficina de Bernardo da Costa, com o título de Sentimentos da Virgem Maria N. S. em sua soledade. Em 1701, na oficina de Bernardo da Costa Carvalho, em Lisboa, era publicado um outro sermão de Benci, Sermão ao povo na Quinta-feira in Coena Domini. No ano seguinte, saía dos prelos um Panegírico de S. Filipe de Néri no seu templo de Pernambuco, também em Lisboa, na oficina de António Pedroso Galvão.
Foi na Bahia que Benci proferiu o sermão “As Obrigações dos Senhores para com os Escravos”, o qual, posteriormente, iria reorganizar num breve tratado, Economia Christaã dos Senhores no Governo dos Escravos, publicado em 1705. Quando enviou o manuscrito para Roma, Benci dedicou-o a D. João Franco de Oliveira, arcebispo da Bahia e metropolitano do Brasil. Porém, o seu impressor, o padre Antonio Maria Bonucci, acabaria por substituir essa dedicatória. Afinal, quando a obra saiu do prelo, em 1705, Franco de Oliveira já não era arcebispo da Bahia mas sim bispo de Miranda. Desta forma, a dedicatória da Economia cristã destinou-se a Cosme III de Médicis, grão-duque da Toscana. O mote da obra é um versículo do Eclesiástico relativo ao governo da família e trato dos escravos, “panis, & disciplina, & opus servo”. Assim, Benci compôs quatro discursos morais relativos às quatro obrigações que os senhores tinham para com os seus escravos: o pão (sustento, vestuário, tratamento das enfermidades), o alimento espiritual (promoção da administração da doutrina cristã e dos sacramentos), a disciplina (a aplicação do castigo) e o trabalho (não fomentar o ócio mas desocupar os dias santos e Domingos e dar o descanso necessário).
Benci deixou ainda um tratado em latim, De vera et falsa probabilitate opiniorum moralium, impresso em Roma, no ano de 1713, na tipografia de Pauli Komarek. Porém, também este teria sido escrito enquanto o jesuíta se encontrava na Bahia, visto que a dedicatória tem a data de 11 de Dezembro de 1705.
Bibliografia
Estudos:Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, tomos VI e VIII, Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1945-49, pp. 342-344; 95-96.
Fontes:Jorge Benci, Sentimentos da Virgem Maria N. S. em soledade: sermão que pregou na Sé da Bahia: no anno de 1698, Lisboa, Officina de Bernardo da Costa, 1699.
Idem, Economia cristã dos senhores no governo dos escravos: livro brasileiro de 1700. Prefácio e notas de Serafim Leite, Porto, Apostolado da Imprensa, 1954.