Projectos
Nome: | BRITONIO, Girolamo |
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Nascimento e morte: | Sicignano degli Alburni [Campania], c. 1491 – Roma, c. 1550 |
Descrição: | O sobrenome “Britonio” deriva do facto do seu pai, Nicola, ser natural de Nantes, na Bretanha. Nas suas obras, Girolamo seria também designado por “Sicinio”, em referência à sua terra natal. Interessado, desde cedo, por poesia, música e pintura, Britonio teve a sua formação na Academia Pontaniana, em Nápoles. Foi junto do príncipe de Salerno, Roberto II, que iniciou a sua vida de letrado e cortesão. Depois da morte deste, dedicou-se, por um breve período de tempo, ao estudo de direito civil e canónico. Foi também frequentador da corte de D. Leonor de Aragão até à sua morte, em 1511. Passou, então, ao serviço do viúvo, Berardino Sanseverino, príncipe de Besignano. Em 1512, estava de regresso a Ischia, integrando a corte dos Ávalos, familia nobre espanhola radicada no reino de Nápoles. Girolamo aproximou-se, em particular, de Francisco Ferrante de Ávalos, marquês de Pescara. Em 1525, participou na batalha de Pavia. Nesse ano, o marquês de Pescara faleceu e Britonio passou, então, a servir a viúva, Vittoria Colonna. Em Nápoles, publicou um poema em dialecto napolitano exaltando o seu mecenas então falecido, Trionpho de lo Britonio nel quale Parthenope sirena narra et canta gli gloriosi gesti del gran marchese di Pescara. Anos antes, Vittoria Colonna fora também alvo da exortação poética de Britonio. Este e outros poemas, inspirados na poesia de Petrarca, foram reunidos e publicados em Nápoles, em 1519, sob o título de Sonetti et canzioni del Britonio. Em 1531, esta colectânea era novamente impressa em Veneza, então intitulada de Gelosia del Sole e dedicada a Vittoria Colonna. Nos anos seguintes à morte de Francisco Ferrante, as informações sobre Girolamo Britonio escasseiam. Sabe-se que, em 1535, estava de regresso a Roma, onde mandou imprimir uma colectânea de poemas em latim consagrados ao papa Paulo III, Dialogo pastorale, marittimo, e ninfale composto in rime nella creazione del Papa Paulo III. Também em honra do papa e dedicado àquele que era, então, o seu mecenas, o cardeal Guido Ascanio Sforza, Britonio redigiu Sermo in carmen redactus, de discessu Alexandri Farnessi cardinalis, et Octavii ducis fratrum, contra Lutheranos euntium, et de hortetu Pauli tertii Max Pontificis ad eos et ad reliquos duces, et de vaticinio miseri existus inimicorum. Este poema foi reelaborado e deu lugar à obra I Cantici e i ragionamenti e quelli del Pontefice in favore della Santissima Romana Chiesa, publicada em Veneza, em 1550, e dedicado a Constanza d’Ávalos. Nesse mesmo ano, era impressa uma outra obra de Britonio naquela cidade, Delphina quam Dolipus pastor amat. Segundo Eugenio Ascencio, Britonio teria chegado à Península Ibérica em 1539. Entre 1543 e 1545, frequentou a corte portuguesa, contactando com alguns humanistas e poetas portugueses como André de Resende, Jorge Coelho, António Pinheiro, Simão da Silveira e o duque de Aveiro. Em Lisboa, também conheceu Luísa Sigea, mestre da infanta D. Maria, à qual prestou largos elogios na obra Ulisbona regiae Lusitaniae urbis, publicada em Roma, por Antonio Blado, em 1546. Trata-se de um poema panegírico, composto em hexâmetros, que se inicia com a descrição da cidade e o elogio à família real, seguindo-se uma exortação aos poetas italianos para que celebrem as glórias dos reis portugueses e um elogio aos humanistas espanhóis e portugueses. Terminava com um grande poema consagrado a Paulo III. Da bibliografia de Girolamo Britonio, destacam-se ainda outros títulos, nomeadamente: Nuova elegia volgare di M. Giuliano Britonio, in guisa d’epistola, composta, et com ordene della vera lingua moderna; Opusculum de larvis marmoreis effossis, et de earum vaticinio; ou Carmen bucolicum. Conhecem-se também duas obras de foro filosófico de sua autoria mas apenas publicadas após a sua morte: Philosophia, sensibus demonstrata, in octo disputationes distincta (Nápoles, 1591) e De atheismo triumphato, de gentilismo non retinendo, de praedestinatione, electione, reprobatione et auxiliis divinae gratiae Cento Tomisticus (1636). |
Bibliografia | |
Estudos: | Américo da Costa Ramalho, “A propósito de Luísa Sigeia”, Estudos sobre o século XVI, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian / Centro Cultural Português, 1980, pp. 191-197. Eugenio Ascensio, “El italiano Britonio, cantor de la Lisboa de D. João III”, Estudios Portugueses, v. II, Paris, Fundação Calouste Gulbenkian, 1974, pp. 243-257. Gianni Ballistren, “Britonio, Girolamo”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 14, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1972, pp. 347-349. Jean Paul Barbier, Ma bibliothèque poétique, vol. 6, Genève, Librairie Droz, 2007, pp. 162-163. |