Projectos
Nome: | CANTINO, Alberto |
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Nascimento e morte: | Séc. XV-XVI |
Descrição: | Agente diplomático do duque de Ferrara, Alberto Cantino esteve em Lisboa nos inícios do século XVI. Luís de Albuquerque menciona-o como “um aventureiro italiano”. Segundo outros autores, nomeadamente Armado Cortesão, Cantino seria um negociante de cavalos e mulas que viera para Portugal com fins comerciais, hipótese que, segundo Fernando Lourenço Fernandes, não tem qualquer suporte documental. Esteve em Portugal durante cerca de um ano. A 19 de Julho de 1501, escrevia de Cádis a informar Ercole d’Este do regresso da frota de Pedro Álvares Cabral. Numa outra carta de 17 de Outubro daquele ano, com o mesmo remetente, referia-se às viagens de Corte-Real ao Labrador, apresentando uma descrição detalhada da terra encontrada. Cantino conseguiu infiltrar-se na corte portuguesa, o que lhe valeu o acesso a um manancial de informação que transmitia com regularidade ao duque de Ferrara. A 30 de Janeiro de 1502, narrava-lhe a cerimónia de investidura de Vasco da Gama como almirante da Índia e mencionava a disputa entre as coroas portuguesa e espanhola sobre Gilbraltar. Mas o nome de Alberto Cantino ficou perpetuamente associado a um planisfério de autor anónimo, datado de 1502, que comprou em Lisboa para o duque de Ferrara, aquele que ficou conhecido como “Planisfério de Cantino”. Esta é a primeira carta geográfica conhecida onde aparecem demarcadas as linhas do equador e dos trópicos, marcando a transição entre o portulano e as cartas modernas. Segundo Albuquerque, o cartógrafo anónimo que a desenhou teria reproduzido o desenho de cartas-padrões oficiais existentes nos armazéns da Guiné e da Índia. Segundo Ernesto Milano, foi Cantino quem mandou desenhar a carta a um cartógrafo português para depois a expedir a Ercole, com o fim de o manter informado sobre as últimas descobertas dos portugueses e dos espanhóis. Pagou 12 ducados de ouro pelo planisfério, tendo recebido de Francesco Cattaneo, intermediário da Casa d’Este em Génova, 20 ducados e 3 libras. Levando secretamente o planisfério, Cantino teria seguido para Génova nos finais de Setembro ou inícios de Outubro de 1502. Segundo Fernando Lourenço Fernandes, Cantino seria, provavelmente, um agente duplo. Ao mesmo tempo que trabalhava para o duque de Ferrara, também servia a coroa portuguesa, algo que justificaria o facto do planisfério forjar uma localização do Brasil dentro dos parâmetros decretados pelo Tratado de Tordesilhas. A 19 de Novembro de 1502, Cantino estava em Roma, de onde escreveu uma nova missiva para o duque a informá-lo da carta que comprara. |
Bibliografia | |
Estudos: | Ernesto Milano, La Carta del Cantino e la rappresentazione della Terra nei codici e nei libri a stampa della Biblioteca Estense e Universitaria, Modena, Il Bulino, 1991, pp. 88-98. Fernando Lourenço Fernandes, O Planisfério de Cantino e o Brasil. Uma introdução à Cartologia Política dos Descobrimentos e o Atlântico Sul, Lisboa, Academia de Marinha, 2003. Maria Teresa Amado, “Cantino, Planisfério de”, Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, vol. I, Lisboa, Círculo de Leitores, 1994, pp. 191-192. |
Fontes: | Prospero Peragallo, “Cartas de Alberto Cantino e de Pietro Pasqualigo”, Carta del-rei D. Manuel ao rei católico, Lisboa, Typographia da Academia Real das Sciencias, 1892, pp. 100-102. |