Projectos

Nome:FILICAIA, Baccio Bartolomeo da
Outros nomes:FILICAIA, Bassio da
Nascimento e morte:n. Florença, entre 1565 e 1575
Descrição:Filho de Baccio Filicaia e de Alfonsina di Bastiano Caianini di Montauto, Baccio nasceu no seio de uma família da aristocracia florentina.
Desde meados do século XVI que o seu pai tinha uma casa comercial em Lisboa. Segundo Antonella Pagano, os Filicaia integravam, possivelmente, uma companhia de mercadores florentinos que, segundo um acordo comercial assinado entre Francisco de Médicis e D. Sebastião em 1575, tinham uma concessão privilegiada para a exportação de pimenta e outras mercadorias de alto valor.
Assim, foi ainda em tenra idade que Baccio chegou a Lisboa, destinado a aprender o ofício mercantil junto do pai. Na capital portuguesa, ele chegou a frequentar a Aula da Esfera do Colégio de Santo Antão.
Após quatro anos em Lisboa, Filicaia regressou a Florença sob a protecção do grão-duque Fernando. Ali, estudou arquitectura militar, artilharia e cosmografia. Visando pôr em prática os conhecimentos adquiridos, Baccio resolveu partir de Florença e Portugal foi o seu destino.
Foi curto o espaço de tempo em que Baccio esteve em Portugal. Porém, nesse período, ele ter-se-ia dedicado à redacção de uma breve relação sobre o reino. Esta hipótese é colocada por Carmen Radulet que pondera a possibilidade do engenheiro florentino ter sido o autor do Ritratto et Riverso del Regno di Portogallo, obra anónima mas cuja datação rondaria os anos de 1578 e 1580, período em que Baccio esteve em Portugal.
Em meados da década de noventa, Filicaia embarcava para o Brasil. Foi nomeado engenheiro-mor daquele território e capitão de artilharia por D. Francisco de Sousa.
Por volta de 1597, era enviado à Bahia, dedicando-se ali a obras de fortificação. Porém, não foi apenas na área da engenharia militar que Filicaia trabalhou durante os onze anos em que esteve no Brasil. Ele chegou a dirigir uma campanha de exploração mineira em S. Vicente e, em 1602, o governador Diogo Botelho nomeava-o sargento-mor e capitão de uma companhia na expedição de Pero Coelho de Sousa de conquista do Ceará e Maranhão. Porém, esta expedição encontrou alguma resistência entre os indígenas na serra de Ibiapaba e os resultados obtidos foram insuficientes. Em 1607, Baccio participava na missão jesuíta a Ibiapaba, numa tentativa de penetração terrestre na Amazónia.
Embora, desde Junho de 1603, partiu para o Brasil um novo engenheiro-mor para substituir Filicaia, Francisco Frias de Mesquita, o florentino apenas regressou a Lisboa entre finais de Junho e inícios de Agosto de 1608.
Nesse ano, Baccio dirigia uma carta a Fernando de Médicis, na qual lhe pedia para interceder por si perante a corte de Madrid, de modo a receber uma recompensa pelos serviços prestados durante todos aqueles anos. Nessa mesma missiva, ele anunciava igualmente uma nova viagem ao Brasil. Baccio pretendia-se desobrigar perante o ex-governador Francisco de Sousa, o qual solicitara o seu auxílio para a construção e fortificação de uma nova cidade. Em resposta, a 14 de Novembro de 1608, o grão-duque enviava-lhe a recomendação solicitada e, possivelmente, convidava-o a escrever uma relação detalhada sobre essa sua viagem ao Brasil. Afinal, na resposta de Baccio, em Janeiro do ano seguinte, o engenheiro prometia o envio dessa relação. Porém, desconhece-se o paradeiro dessa relação ou mesmo se teria alguma vez existido. Também não existem informações sobre a anunciada segunda viagem de Baccio ao Brasil.
Bibliografia
Estudos:Antonella Pagano, “Filicaia, Baccio Bartolomeo”, Dizionario Biografico degli Italiani, vol. 47, Roma, Istituto della Enciclopedia Italiana, 1997, pp. 657-658.
Carmen Radulet, “Um Retrato Italiano do Reino de Portugal no século XVI”, Mare Liberum, v. 14, Dezembro 1997, pp. 99-114.
Prospero Peragallo, Cenni intorno alla colonia italiana in Portogallo nei secoli XIV, XV e XVI, Genova, Stabilimento Tipografico Ved. Papini e Figli, 1907, pp. 75-76.
Rafael Moreira, “Os primeiros engenheiros-mores do Império Filipino”, Portugal e Espanha entre a Europa e Além-Mar. Actas do IV Simpósio Luso-Espanhol de História de Arte. Coordenação de Pedro Dias, Coimbra, Instituto de História da Arte – Universidade de Coimbra, 1988, pp. 530-531.
Idem, “O engenheiro-mór e a circulação das formas no Império Português”, Portugal e Flandres. Visões da Europa (1550-1680), Lisboa, Instituto Português do Património Cultural, 1992, p. 103.