Projectos

Nome:GIOCONDO, Juliano de
Outros nomes:GIOCONDO, Giuliano del / GIOCONDO, Bartolomeu de Giuliano del
Nascimento e morte:Sécs. XV-XVI
Descrição:Filho de Bartolomeu del Giocondo, Juliano era um florentino que, no início do século XVI, se encontrava estabelecido na cidade de Lisboa.
Embora residente em Lisboa, em Setembro de 1500, Giocondo estava na Andaluzia, onde, ao serviço do rei D. Manuel, contactou com Américo Vespúcio. D. Manuel enviou-o para convencer definitivamente o navegador florentino a participar na expedição que estava a ser preparada para seguir rumo às terras recém-descobertas por Pedro Álvares Cabral. Rolando Laguarda Trías interroga-se sobre quais teriam sido os argumentos utilizados por Giocondo para convencer Vespúcio a colocar-se ao serviço da coroa portuguesa. O autor refere que teriam decerto sido oferecidas determinadas condições de que o florentino não dispunha ao serviço dos Reis Católicos como por exemplo, uma melhor remuneração ou mesmo a promessa de lhe ser confiada a capitania de uma das naus. Afinal, um agente comercial alemão, Lukas Ren, no seu diário, refere que durante o tempo em que esteve na capital portuguesa, ficou alojado na casa de Giocondo. Assim, Laguarda Trías supõe que o biografado, tal como o fizera para aquele mercador alemão, também teria oferecido de bom grado o seu lar a um conterrâneo.
Mas a sua ligação a Vespúcio não terminou aqui. A tradução latina do Mundus Novus é atribuída a um certo Giocondo. A bibliografia tem identificado o autor com Juliano ou, segundo outra hipótese, com Frei Giovanni del Giocondo de Verona, um dominicano e humanista residente em Paris no início do século XVI.
Laguarda Trias, ao duvidar da veracidade da autoria daquela obra ser atribuída a Vespúcio, ainda aprofunda mais essa questão e propõe que tenha sido o próprio Juliano del Giocondo a escrevê-la. Afinal, os dois florentinos decerto mantinham uma relação própria. Com intenções de canalizar para o seu conterrâneo a fama e a glória que então lhe escapavam, Giocondo teria redigido o Mundus Novus e expedido-o através da sua própria rede de contactos que atingia cidades como Paris e Augsburgo, onde a obra foi impressa. O mesmo teria realizado com a Lettera, enviada para Florença com o fim de ali ser publicada, o que efectivamente aconteceu por volta de 1505. Contudo, esta é apenas uma hipótese à qual faltam provas documentais.
Bibliografia
Estudos:J. F. de Almeida Prado, História da formação da sociedade brasileira. São Vicente e as Capitanias do Sul do Brasil. As Origens (1501-1531), São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1961, pp. 82, 143-145.
Ilaria Luzzana Caraci, “Américo Vespucio: Un nombre para el Nuevo Mundo” Navegantes Italianos, Madrid, MAPFRE, 1992, pp. 184
Pierluigi Bragaglia, Os italianos nos Açores e na Madeira, das origens da colonização a 1583 (conquista espanhola da Terceira). Tese de Laurea em História Moderna na Universidade dos Estudos de Bologna – Faculdade de Ciências Políticas, Bolonha, 1992, exemplar policopiado, p. 311.
Rolando A. Laguarda Trias, El hallazgo del Río de la Plata por Amerigo Vespucci en 1502, Montevideo, Academia Nacional de Letras, 1982, pp. 60-63.