Projectos

Nome:PASQUALIGO, Pietro
Outros nomes:PASCUAGLIO, Pietro
Nascimento e morte:Veneza, 1472 – a caminho de Milão, 1515
Descrição:Filho de Filippo Pasqualigo e de Maria di Francesco Molin, Pietro era irmão de Alvise e Lourenço Pasqualigo, mercadores, e de Francesco Pasqualigo, comandante de um galeão na guerra contra os otomanos.
Aos 22 anos, Pasqualigo começou a frequentar a Universidade de Paris, onde estudou filosofia e teologia. Terminados os estudos, seguiu para a Flandres, onde a sua família mantinha negócios. Possivelmente, foi ainda antes de partir de França que Pasqualigo publicou um comentário sobre a obra de S. Boaventura, Sermões de Morte.
Quando o seu pai faleceu, em 1495, Pasqualigo regressou a Veneza. Serviu, então, a República em vários ofícios. Dados os seus sólidos conhecimentos de latim e filosofia, foi destacado para missões diplomáticas.
Em Fevereiro de 1499, Pasqualigo foi um dos vinte venezianos enviados a Chioggia para escoltar o duque de Ferrara. No Outubro seguinte, ele voltava a desempenhar funções similares, agora para com o embaixador espanhol no seu caminho para a Hungria.
Sem sucesso, em Julho de 1500, candidatou-se ao ofício de embaixador em Espanha. Acabou por ser destacado para a corte portuguesa. Provavelmente em finais de Junho de 1501, Pasqualigo entrava em Lisboa, tendo sido recebido oficialmente pelo rei a 20 de Agosto. Nesse momento, o único representante da República veneziana na capital do reino era Giovanni Camerini (Cretico).
A missão de Pasqualigo passava pelo agradecimento a D. Manuel pelo auxílio prestado a Veneza, em 1501, na luta contra os turcos. O monarca português havia enviado uma armada comandada por D. João de Meneses. Em agradecimento, a Sereníssima remeteu-lhe uma gôndola coberta com um rico manto de tecido de ouro, por intermédio de Pasqualigo. Este, também para mostrar a gratidão de Veneza, escreveu a D. Manuel uma oração em latim, na qual o congratulava pela empresa portuguesa na Índia.
Porém, esta era apenas a missão oficial do enviado veneziano. Em paralelo, Pasqualigo tinha instruções secretas para observar e comunicar a Veneza tudo o que respeitava às descobertas geográficas portuguesas. Afinal, o avanço português no Oriente, comprometera a posição da República veneziana no comércio com a Índia.
Em duas cartas de Outubro de 1501, Pasqualigo narrou a chegada a Lisboa da armada de Pedro Álvares Cabral. Numa primeira, a 18, dirigiu-se ao senado de Veneza, enquanto que uma outra, datada do dia seguinte, foi destinada aos seus irmãos.
Durante o tempo em que esteve na corte, Pasqualigo manteve-se muito próximo de D. Manuel. O rei chegou mesmo a convidá-lo, em 1502, para padrinho do príncipe real, D. João. Pasqualigo acabaria por ser armado cavaleiro e, a 22 de Junho de 1502, recebia licença para usar no seu escudo a esfera armilar, símbolo real. Porém, esse brasão não figura entre o registo dos brasões portugueses, muito possivelmente devido ao facto da presença do embaixador veneziano no reino ter sido curta. Por outro lado, as armas da família Pasqualigo em Veneza também não apresentam a insígnia real que lhe fora concedida.
Porém, os resultados práticos da embaixada de Pasqualigo junto de D. Manuel ficaram aquém do que a Sereníssima esperava. Afinal, não conseguiu induzir o monarca português a intensificar a sua ajuda militar a Veneza e, após a partida de um contingente em Dezembro de 1501 para a batalha de Mytilene, a actividade portuguesa no Mediterrâneo tornou-se praticamente nula.
Assim, o Senado veneziano começou a considerar a presença de Pasqualigo em Lisboa demasiado dispendiosa para os parcos resultados que estava a obter junto do rei português.
Pasqualigo acabou por ser enviado para Espanha para substituir Domenico Pisano na embaixada veneziana, posto que lhe foi confirmado em 1504. No ano seguinte, era eleito embaixador perante o imperador Maximiliano, junto do qual esteve até 1507. Entre 1509 e 1510, foi embaixador na Hungria. França, Inglaterra e Burgúndia foram os destinos seguintes das suas missões diplomáticas nos anos de 1514 e 1515. Pasqualigo acabaria por falecer como embaixador regular em França, quando acompanhava o rei Francisco I a Milão.
Bibliografia
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